Episódio se deu em 1º de dezembro de 1944 e estima-se que de 35 a 400 soldados tenham sido mortos
O presidente da França, Emmanuel Macron (Renascimento, centro), reconheceu pela 1ª vez a morte de soldados senegaleses pelo Exército francês em 1º de dezembro de 1944 como um massacre. Estima-se que tenham sido mortos de 35 a 400 militares africanos por reivindicarem salários não pago a eles por lutarem na 2ª Guerra Mundial.
O reconhecimento se deu por meio de uma carta enviada nesta 5ª feira (28.nov.2024) por Macron ao presidente de Senegal, Bassirou Diomaye Faye (PASTEF, esquerda), em memória dos 80 anos do episódio. As informações são da Associated Press.
“A França deve reconhecer que naquele dia, o confronto entre soldados e fuzileiros que exigiam o pagamento integral de seus salários legítimos desencadeou uma cadeia de eventos que resultou em um massacre”, disse em carta, segundo a agência.
O presidente francês também declarou que trabalhará para desenvolver um “Comitê para Restauração dos Fatos” para investigar a história. Com isso, Faye afirmou a jornalistas que acredita no comprometimento da França para encerrar as discussões acerca do episódio.
“Há muito tempo buscamos um encerramento para esta história e acreditamos que, desta vez, o comprometimento da França será pleno, franco e colaborativo”, disse.
FRANÇA BUSCA MELHORAR LAÇOS NA ÁFRICA
A carta enviada por Macron é uma tentativa de melhorar o relacionamento com a sua ex-colônia na África. Em Senegal, o país europeu mantém bases militares e acordos que críticos classificam como “neocoloniais”.
Faye, que foi recentemente eleito para o cargo, é contra a presença francesa em seu país e argumenta que isso põe em risco a soberania de Senegal.
Além do reconhecimento do massacre em Senegal, Macron sinalizou, em 2021, que a França teria responsabilidade pelo genocídio em Ruanda, em 1994.
Apesar do país não ter sido colônia francesa, o discurso de Macron expôs uma investida de Paris visando melhorar o relacionamento político do país e dos povos.