Macron compara protestos violentos na França com 8 de janeiro no Brasil


O presidente francês Emmanuel Macron comparou os protestos violentos em Paris com o ataque aos Três Poderes que ocorreu em 8 de janeiro no Brasil e com a invasão do Capitólio nos Estados Unidos.

Em entrevista aos canais de televisão franceses France 2 e TF1, Macron afirmou que a reforma previdenciária, que aumenta a idade mínima para aposentadoria na França para 64 anos, deve seguir em frente e entrar em vigor até o final do ano.

Ele condenou o que chamou de “extrema violência” nos protestos que tomaram o país desde a semana passada contra a reforma.

“Quando os Estados Unidos passaram pelo que aconteceu no Capitólio, quando o Brasil passou por isso, quando houve extrema violência na Alemanha ou na Holanda, ou conosco [na França] no passado. Devemos dizer que nós respeitamos, nós ouvimos, nós queremos fazer o país avançar – e por isso que quero discutir essa reforma –, mas não podemos aceitar facções”, falou.

Na entrevista, o presidente francês lamentou que seu governo não tenha conseguido transmitir a necessidade da reforma de maneira clara para o povo.

“Enquanto falo com vocês agora, vocês acham que gosto de fazer essa reforma? Não. Vocês acham que eu poderia ter feito o mesmo que muitos outros antes de mim e ter varrido a poeira para debaixo do tapete? Sim, talvez. Mas hoje, há uma coisa que lamento, que é não termos conseguido informar sobre a necessidade de fazer esta reforma.”

Insatisfação popular

Na terça-feira (21), a capital do país registrou mais violência durante as manifestações. Projéteis foram lançados durante o embate e gás lacrimogêneo foi disparado pelas forças policiais.

Os protestos que tomaram o país na última semana visavam não apenas a reforma previdenciária, mas o poder constitucional usado para forçá-la.

Incapaz de obter o apoio da maioria para o projeto de lei no parlamento, Macron recorreu ao uso do Artigo 49.3, que permitia a seu governo aprovar o projeto de lei na Assembleia Nacional sem votação.

A medida foi amplamente condenada por manifestantes e legisladores como antidemocrática.

*Publicado por Fernanda Pinotti, com informações da Reuters e de Priscila Yazbek, da CNN



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