O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que neste sábado cancelou uma viagem à China por causa de uma pneumonia, deve ter apenas agendas internas ao longo da próxima semana. Um dos temas que deverá entrar na rodada de discussões é o arcabouço fiscal, o conjunto de medidas destinadas a conter os gastos públicos e a evitar a explosão do endividamento público.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha,
disse para “O Globo” que, com o cancelamento da viagem, as discussões sobre a
nova âncora fiscal poderão avançar. Mas não se comprometeu com uma data para
apresentação do projeto. “Não vou definir data.”
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a proposta já foi fechada pela área técnica e que novas informações serão fornecidas a Lula nos próximos dias. “Vamos voltar para o presidente com as respostas às perguntas que ele fez”, afirmou Haddad à “Folha de S. Paulo”.
A expectativa inicial era de que a nova regra fiscal, que
substitui o teto de gastos, fosse apresentada antes da reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom), que se reuniu nos dias 21 e 22 para discutir a taxa Selic. A
ideia era de que o anúncio pudesse facilitar o caminho para que o Copom se
comprometesse com uma queda nos juros nos próximos meses.
Outros temas podem entrar na agenda do presidente ao longo
da semana. Uma delas é um encontro com representantes de autoridades municipais
de todo o país que, entre os dias 27 e 30, participarão da tradicional “Marcha
dos Prefeitos. À CNN, Padilha disse que vai recomendar que Lula não participe
do evento. O vice-presidente Geraldo Alckimin e ministros estarão presentes na
mobilização.
Também poderá se debruçar em reuniões setoriais com os
ministros e discutir também o imbróglio sobre a tramitação das medidas
provisórias. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), estão se desentendendo sobre o assunto.
Lira encaminhou ofício a Pacheco solicitando a convocação de uma sessão do Congresso Nacional para que deputados e senadores possam definir o rito de tramitação das MPs. Ainda há 13 medidas editadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para serem votadas.