Visita de Estado de Xi Jinping será realizada um dia após o encerramento da cúpula do G20; país é o principal parceiro comercial do Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe na manhã desta 4ª feira (20.nov.2024) o líder de Estado chinês, Xi Jinping, no Palácio da Alvorada, em Brasília. O encontro é realizado após o encerramento da cúpula do G20, no Rio. Na reunião em Brasília, Lula e Xi Jinping devem estreitar relações bilaterais e coordenar assuntos multilaterais.
O presidente chinês chegou em Brasília na tarde da última 3ª feira (19.nov). Foi recepcionado por uma comitiva composta por ministros do governo Lula e pelo grupo de percussão Batalá, que realizou uma apresentação para marcar a ocasião.
Assista (2min13s):
Após o encontro no Palácio da Alvorada, Xi Jinping deve participar de assinatura de atos e de uma declaração a jornalistas. Depois, almoçará com Lula no Palácio da Alvorada.
Um jantar de encerramento da visita oficial está previsto para a noite no Palácio Itamaraty. Xi Jinping deixará o país na 5ª feira (21.nov). Em 2023, Lula foi recebido pelo presidente chinês em Pequim. Foram assinados mais de 20 acordos na ocasião, nas áreas de meio ambiente, agricultura, ciência e tecnologia.
A visita do presidente da China a Brasília mobiliza uma grande operação de segurança, com monitoramento das redes sociais, bloqueio marítimo do Lago Paranoá e reforço policial em 7 pontos da capital federal.
Em artigo publicado no sábado (16.nov.2024) no jornal Folha de S.Paulo, Xi disse que as relações diplomáticas entre Brasil e China, estabelecidas em 15 de agosto de 1974, “têm resistido às mudanças e turbulências na situação internacional nesses 50 anos e são cada vez mais maduras e dinâmicas”.
Ao falar sobre o comércio bilateral, Xi afirmou que a China é “o maior parceiro comercial do Brasil por 15 anos consecutivos e uma das principais fontes de investimento estrangeiro”. O líder chinês falou em uma “pauta comercial bilateral cada vez mais aprimorada”.
CHINA DESBANCA EUA
Os Estados Unidos perderam o protagonismo histórico na América Latina, no século 21. De lá para cá, a China conseguiu aumentar sua relevância na economia dos países da região.
Em 2000, o principal parceiro de fora da região no comércio com as nações latino-americanas eram os norte-americanos. Em 2023, o cenário mudou e os chineses dominam a pauta exportadora do Brasil e em quase todos os Estados hispânicos. Equador, Colômbia e a Guiana são exceções da América do Sul.
A China foi responsável em 2023 por importar US$ 104,3 bilhões do Brasil. O resultado também representou o maior saldo positivo da história para os brasileiros (US$ 51,1 bilhões). O valor representou 30,6% to total das exportações brasileiras para todo o mundo (US$ 339 bilhões). Em 2000, as exportações do Brasil para a China totalizaram apenas US$ 1,1 bilhão. Para comparação, os Estados Unidos importaram US$ 37,1 bilhões do Brasil em 2023 e, em 2000, US$ 13,4 bilhões.
ROTA DA SEDA
Os chineses esperavam poder anunciar a adesão do Brasil ao maior programa de infraestrutura do país asiático, a Iniciativa Cinturão e Rota (Belt and Road, em inglês).
O governo Lula, porém, preferiu não assinar o acordo. Considera que já há iniciativas em curso e que pode continuar buscando investimentos chineses sem se alinhar diretamente a uma estratégia geopolítica de Xi Jinping.
O Executivo brasileiro foca a participação chinesa em 4 grandes eixos: investimentos em obras do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), construção e reforma das rotas de integração regional na América do Sul, aportes em projetos de transição energética e modernização do parque industrial.
China e Brasil já integram conjuntamente o Brics (bloco composto originalmente pelos 2 países com Índia, Rússia e África do Sul) e se aproximaram ainda mais recentemente ao apresentarem em conjunto uma proposta de resolução política para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.