Ministro da Justiça conversou com o presidente nesta 3ª feira (19.nov); esquema envolvia assassinato por envenenamento
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mostrou “surpreso e estupefato” com a tentativa de golpe de Estado e um suposto plano para envenená-lo em 2022.
Lewandowski disse ter falado com o petista por telefone. “Conversei com o presidente hoje pela manhã sobre diversos assuntos, inclusive o G20. Ele me ligou do Rio e discutimos esse tema. Ele se mostrou absolutamente surpreso e estupefato com a dimensão do golpe”, disse o ministro. Lula está no Rio para a Cúpula do G20, que terminou nesta 3ª feira (19.nov.2024).
O esquema envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi revelado nesta 3ª feira (19.nov) em relatório divulgado pela PF (Polícia Federal). O documento embasou a autorização da operação Contragolpe pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Segundo as investigações, a PF também identificou a possibilidade de ações para matar Lula.
“O documento de forma clara diz que ‘na análise realizada, também foram levantados outros alvos possíveis, cuja sensibilidade no momento e suas respectivas SEg Pes (seguranças pessoais) não restringem tanto uma ação de neutralização”, escreve.
O relatório mostra um trecho do documento que descreve a possibilidade de envenenar Lula, “considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais”. No plano, o presidente era identificado como “Jeca”.
A OPERAÇÃO DA PF
A PF (Polícia Federal) realizou nesta 3ª feira (19.nov) uma operação, mirando suspeitos de integrarem uma organização criminosa responsável por planejar, segundo as apurações, um golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito nas Eleições de 2022.
Os agentes miram os chamados “kids pretos”, grupo formado por militares das Forças Especiais, e investigam um plano de execução de Lula e Alckmin.
Ainda conforme a corporação, o grupo também planejava a prisão e execução do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Os crimes investigados, segundo a PF, configuram, em tese, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Foram expedidos 5 mandados de prisão preventiva e 3 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em Goiás, no Amazonas e no Distrito Federal. Foram determinadas 15 medidas, como a proibição de contato entre os investigados, a entrega de passaportes em 24 horas e a suspensão do exercício de funções públicas.
Um dos alvos da operação Contragolpe, como está sendo chamada, é o general da reserva Mário Fernandes. Ele era secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele também foi assessor no gabinete do deputado e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (PL-RJ).
Também foram alvos dos mandados os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, e o policial federal Wladmir Matos Soares. Todos tiveram determinadas prisão preventiva e proibição de manter contato com outros investigados, bem como proibição de se ausentarem do país, com a consequente entrega dos respectivos passaportes.
Em nota, a PF disse que uma organização criminosa “se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022”.
O plano estava sendo chamado de “Punhal Verde e Amarelo” e seria executado em 15 de dezembro de 2022.
“O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um ‘Gabinete Institucional de Gestão de Crise’, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações”, disse a PF.