O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levou suas principais bandeiras à frente do G20 para um encontro com prefeitos e representantes de mais de 100 cidades do bloco econômico em encontro do Urban 20, no Rio. O petista defendeu a necessidade de os governos nacionais ajudarem os municípios no combate às desigualdades, à fome e à pobreza e no enfrentamento da crise climática para ajudar na formação de cidades “inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis”.
“Os 3 eixos prioritários escolhidos pela presidência brasileira do G20 dialogam diretamente com os desafios que milhares de prefeitos de todo o planeta enfrentam no cotidiano de suas cidades”, disse.
Em seu discurso, Lula abordou políticas de seu governo, como o Minha Casa, Minha Vida. Defendeu um novo pacto federativo para “colocar a segurança pública como prioridade nacional”.
A fala do presidente se dá no momento em que seu governo enfrenta resistências de governadores a aceitarem uma PEC (proposta de emenda à Constituição) proposta pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública de um plano nacional para o setor.
“No Brasil, as mulheres negras são maioria nesses territórios (favelas). Seus filhos são as maiores vítimas da desigualdade e da violência urbana, que todos os anos cobra um número de vidas semelhante aos das guerras mais violentas. Por essa razão, tenho defendido um novo pacto federativo, com o envolvimento de todos os Poderes, para colocar a segurança pública como prioridade nacional e manter nossa juventude viva”, disse.
Lula afirmou que o planejamento urbano será “crucial” para a transição ecológica e no enfrentamento à mudança do clima. Disse que as cidades são responsáveis por 70% das emissões de gases do efeito estufa e 75% do consumo global de energia.
Durante o evento, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), entregou a Lula o documento final do Urban 20 com as demandas dos cerca de 60 prefeitos e autoridades municipais que representam mais de 100 cidades de países que integram o G20.
Os gestores locais pediram US$ 800 bilhões por ano dos governos nacionais e instituições de desenvolvimento para investimentos em projetos de enfrentamento dos problemas climáticos até 2030.
De acordo com o grupo, o investimento é essencial para implementar e expandir projetos climáticos nas cidades ao redor do mundo enquanto líderes globais negociam alocações de recursos para ações climáticas em adaptação, mitigação e perdas e danos.
“As cidades não podem custear sozinhas a transformação urbana. Elas não podem ser negligenciadas nos novos mecanismos de financiamento da transição climática. Infelizmente, os governos esbarram em uma enorme lacuna de financiamento no Sul Global”, disse Lula.
O presidente afirmou que apenas uma parcela dos recursos necessários chega aos países em desenvolvimento e uma parte ainda menor chega às metrópoles dessas regiões. “Existe um déficit no financiamento urbano, que não consegue acompanhar o ritmo da urbanização desordenada em muitas partes do mundo, como a África, a Ásia e a América Latina”, disse.
Lula voltou a repudiar a guerra na Faixa de Gaza ao defender a reforma dos organismos multilaterais globais. “Falar em reforma da governança também implica em repudiar a destruição das guerras. A Faixa de Gaza, um dos mais antigos assentamentos urbanos da humanidade (4000 A.C), teve dois terços de seu território destruídos por bombardeios indiscriminados, 80% de suas instalações de saúde já não existem mais. Sob seus escombros jazem mais de 40 mil vidas ceifadas. Não haverá paz nas cidades se não houver paz no mundo”, disse.
O presidente do Chile, Gabriel Boric (Frente Ampla, esquerda), e a ministra chilena de Desenvolvimento, Javiera Toro Cáceres, também participaram do evento. Acompanharam Lula na chegada. Além dos prefeitos convidados, também participaram: