Lira diz que retratação do Carrefour foi “carta fraca”


Presidente da Câmara diz que o documento não compensa os “estragos de imagem” ao mercado brasileiro feitos pelo CEO da empresa

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), classificou como “fraca” a carta de retratação enviada nesta 3ª feira (26.nov.2024) pelo CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o congressista, a mensagem não repara os “estragos de imagem” causados ao mercado brasileiro pelo executivo francês.

Na carta, Bompard pede desculpas se “a comunicação do Carrefour França” causou “confusão” e foi “interpretada como questionamento” da parceria da marca “com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela”. Eis a íntegra do texto (PDF – 70 kB).

“O Ministério [da Agricultura e Pecuária] achou que a resposta foi conveniente e vamos seguir a vida […] É temerário que o Congresso Nacional, as entidades de produtores, o governo federal, o Itamaraty não se posicionem mais firmemente a uma crescente de narrativas que visam gerar desinformação”, declarou Lira a jornalistas.

Na 4ª feira (20.nov), Bompard disse que não iria mais comprar carne produzida em países do Mercosul. Bompard diz que os produtos sul-americanos não atendem às exigências e às normas francesas, o que tem causado estresse entre os produtores franceses.

Os produtores de carne do Brasil chegaram a anunciar um boicote na entrega do produto para as franquias da rede aqui no país, mas suspenderam a decisão depois da retratação do Carrefour.

Lira participou de um almoço da Frente Parlamentar da Agropecuária, conhecida como “bancada do agro” no Congresso, em uma sinalização aos ruralistas diante da tensão nas diplomacias brasileiras e francesas

Na 2ª feira (25.nov), o presidente da Câmara disse que pautaria propostas de “reciprocidade econômica” entre Brasil e Franca depois da decisão do Carrefour.

Nesta 3ª feira (26.nov), o plenário da Câmara deve votar a urgência do PL (projeto de lei) 1.406 de 2024, que determina que o governo só faça novos acordos comerciais com países que tenham regras ambientais parecidas. O relator será o deputado Zé Vitor (PL-MG).

MAIS CRÍTICAS

Lira adotou um tom mais moderado nesta 3ª feira (26.nov), mas disse que a ação do Carrefour era um “protecionismo burro”.

“A coisa mais correta neste momento é combater a desinformação, que deve ser crescente por parte desse protecionismo, que é burro. No que diz as nossas commodities principais, a França não é um parceiro atraente ao Brasil”, disse o congressista.

Sobre a retratação, Lira afirmou que o “ideal” seria uma resposta que reconhece a qualidade dos produtos do Brasil.

“É interessante como diz que o Carrefour da França é da França e o Carrefour do Brasil é do Brasil. A gente poderia fazer essa diferença para onde vão os dividendos, os lucros que eles têm no Brasil. É preocupante que, eu não posso fazer julgamento.”





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