O Equador, país latino-americano assolado pela violência de gangues de narcotraficantes, teve na noite de domingo (12) seu primeiro debate em vista das eleições presidenciais, marcadas para 9 de fevereiro.
No evento organizado pela Universidade Bolivariana do Equador, com o apoio de instituições da sociedade civil, 14 dos 16 candidatos à vice-Presidência discorreram sobre diversas pautas, em especial segurança pública – o debate ocorreu horas após um prefeito do país ser morto a tiros.
Eber Ponce, prefeito da cidade equatoriana de Arenillas, perto da fronteira com o Peru, foi baleado enquanto dirigia seu veículo no sábado (11) e morreu horas depois no hospital, segundo as autoridades. Este é o segundo prefeito assassinado na província de El Oro após as eleições presidenciais de 2023, quando o presidente neoliberal Daniel Noboa foi eleito.
Propostas
O atual mandatário Daniel Noboa tem 29,7% das intenções de voto, segundo pesquisa do instituto Cedatos. Sua candidata à vice-presidente, María José Pinto (Ação Democrática Nacional), não compareceu ao debate deste domingo.
Contudo, o partido governista propõe desenhar políticas de segurança pública visando o fortalecimento das ações contra o crime organizado – uma das principais bandeiras de Noboa.
Durante seu governo, ele implantou políticas severas contra organizações ligadas a cartéis internacionais e é conhecido por suas políticas severas contra o crime organizado. Segundo o governo, os homicídios foram reduzidos em 16% em 2024.
Por outro lado, os dados mostram uma realidade diferente da divulgada pelo governo. No Equador, mais de 30 políticos foram assassinados desde 2023, incluindo o candidato presidencial Fernando Villavicencio (de centro), baleado ao sair de um comício em Quito na véspera do primeiro turno da votação em 9 de agosto de 2023.
Nos últimos anos, o Equador testemunhou uma escalada alarmante da violência e da insegurança, uma situação que colocou em xeque a estabilidade do país e a vida dos seus cidadãos.
Segundo o Cedatos, Luisa Gonzalez (Revolução Cidadã), partido ao qual pertencia o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), aparece em segundo lugar na pesquisa eleitoral, com 20,1% das intenções de voto.
Seu candidato a vice-presidente é Diego Borja. Durante o debate, o político afirmou que este é “o pior momento da história” em termos de insegurança no Equador.
Borja ainda explicou que seu plano de governo com Gonzales prevê “recuperar a segurança através de inteligência, financiamento e uma estratégia clara”, com base em cinco pilares: força do Estado, inteligência, tecnologia, investimento social e colaboração internacional.
“Defendemos uma sociedade baseada em direitos humanos, solidariedade e justiça social. Rejeitamos qualquer forma de repressão injustificada ou violação dos direitos individuais e coletivos. Rejeitamos a corrupção e a influência do crime organizado nas autoridades públicas. Defendemos sistemas jurídicos justos e imparciais, em que todos os cidadãos sejam tratados igualmente perante a lei”, declararam no documento de seu plano de governo de 2025 até 2029.
Por isso, comprometeram-se a “trabalhar em conjunto com organizações políticas e sociais, instituições de segurança e sociedade civil para promover e proteger a paz, a segurança e a ordem”.
Por sua vez, Katiuska Molina (Pachakutik), candidata à vice-presidente de Leônidas Iza, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), defendeu a implementação de um plano de segurança e políticas públicas, além da reforma nas instituições do Estado equatoriano.
“Nosso governo contará com um plano integral de segurança, tanto para a coerção e repressão ao crime, como para a inclusão social e econômica dos jovens”, declarou a candidata. Molina ainda prometeu a “purificação das forças da lei e ordem”. “Conquistaremos a independência do judiciário, da promotoria e da polícia para evitar a corrupção e a incidência de máfias”, declarou.
*Com AFP, Prensa Latina e TeleSUR e informações de El Universo
Edição: Leandro Melito