Cristão maronita, Joseph Aoun se tornou o candidato de consenso depois de liderar o exército, num país que vive um conflito devastador entre o movimento terrorista Hezbollah e Israel
Joseph Aoun, comandante-chefe do exército do Líbano, foi eleito presidente da República em votação no Parlamento nesta quinta-feira (9), encerrando mais de dois anos de vacância no cargo. O general, que completa 61 anos nesta sexta-feira (10) e não tem experiência anterior como político, foi eleito no segundo turno da votação na Câmara, na qual obteve o apoio de 99 dos 128 deputados que votaram. Aoun sucede o presidente Michel Aoun, com quem não tem parentesco.
A primeira votação, horas antes, não foi bem-sucedida, mas depois disso o general se reuniu com representantes dos movimentos terroristas Hezbollah e Amal, e a situação foi desbloqueada. “Hoje começa uma nova era na história do Líbano”, declarou Aoun após fazer o juramento de posse no Parlamento, sob os aplausos dos parlamentares.
Cristão maronita, Joseph Aoun se tornou o candidato de consenso depois de liderar o exército, uma das instituições mais respeitadas do país, minado por uma profunda crise política durante anos e, mais recentemente, pelo conflito devastador entre o movimento terrorista Hezbollah e Israel, que teve o seu auge entre setembro e novembro. Nesta quinta-feira (9), ele se comprometeu a respeitar o acordo de trégua com Israel e garantiu que o Estado a partir de agora terá “o monopólio das armas”.
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Repercussão internacional
Vários países saudaram esta eleição. O presidente em fim de mandato dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou que Aoun é o “líder adequado” para o Líbano, enquanto seu homólogo francês, Emmanuel Macron, considerou que o pleito “abre caminho para reformas”. O secretário-geral da ONU, António Guterres, parabenizou o novo presidente e instou à “formação rápida de um novo governo”. A Espanha avaliou que a eleição de Aoun abre “novas perspectivas para a estabilidade e a prosperidade do país”, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descreveu o momento como “uma ocasião de esperança”.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse que espera que o novo presidente traga “estabilidade” ao país vizinho. O Irã, por sua vez, considerou essa eleição como “um sucesso para todo o Líbano”, “fruto de um acordo e consenso entre a maioria dos grupos e partidos libaneses”.
Papel fundamental do Exército
Analistas estimam que a candidatura de Joseph Aoun, apoiado por potências como Estados Unidos e Arábia Saudita, foi impulsionada pelo papel fundamental do exército na implementação do cessar-fogo entre Israel e Hezbollah, que entrou em vigor em 27 de novembro. O acordo de cessar-fogo prevê o posicionamento do Exército libanês no sul do país à medida que o Exército israelense se retira das áreas que ocupou durante o conflito.
Já o Hezbollah deve retirar seus homens ao norte do rio Litani, que delimita o sul do Líbano, e desmantelar sua infraestrutura militar nesta parte do país, que tem sido seu reduto há décadas. O Hezbollah, um importante ator político no Líbano desde a década de 1980, foi significativamente enfraquecido por dois meses de guerra aberta com Israel, que em setembro matou seu líder histórico Hassan Nasrallah em um bombardeio em Beirute.
O grupo terrorista libanês também foi enfraquecido pela queda do presidente sírio Bashar al Assad no início de dezembro. O Líbano tem um sistema presidencialista, mas os poderes do chefe de Estado foram consideravelmente reduzidos pelo acordo de Taef, que encerrou a guerra civil de 1975-1990. O mesmo acordo fortaleceu os poderes do conselho de ministros, chefiado por um muçulmano sunita.
O novo presidente também assumirá a tarefa de nomear um novo primeiro-ministro, que deverá conquistar a confiança da comunidade internacional e implementar reformas urgentes para reacender a economia e reconstruir o sul do país.
*Reportagem produzida com auxílio de IA e informações da AFP
Publicado por Carol Santos