Pegue a última rodada do Paulistinha que definiu mandantes das quartas de final, classificados para estas e os dois rebaixados.
Negar que produziu emoções seria injusto e mentiroso.
Santistas sofreram com a terceira eliminação seguida, são-paulinos foram à loucura com o jogo em Ribeirão Preto, corintianos, de camarote, secaram os rivais tricolores, e dois clubes tradicionais caíram para a segundona, o São Bento e a Ferroviária.
Compare com o sábado e o domingo do Campeonato Inglês, a luxuosa Premier League.
O vice-líder Manchester City recebeu o sexto colocado Newcastle e venceu como estava previsto, por 2 a 0. Com o que ficou a dois pontos do Arsenal, que luta para sair de 19 anos de fila.
O líder londrino, em casa, enfrentou o lanterna Bournemouth e também ganhou, mas não como estava previsto. Muitíssimo ao contrário.
Tomou 2 a 0 e viu o futuro em caco, até por ainda não ter enfrentado o City pelo segundo turno, e em Manchester.
Como um torniquete, marcou 1 a 2 aos 16 minutos e empatou oito minutos depois, gol registrado pelo censor na linha do gol, que vibra no relógio do árbitro e explode a torcida.
O empate evitava a catástrofe, mas o Arsenal permanecia alcançável pelo time de Pep Guardiola, De Bruyne e Haaland.
Então, aos 97 minutos, em chute de rara felicidade de pé esquerdo, de três dedos, na lateral da rede, Nelson, que saiu do banco, deu a vitória aos líderes outra vez cinco pontos à frente.
Estava de bom tamanho para quem torcia pelo Arsenal, para quem secava, para quem apenas se divertia e até para os guardiolistas, espécie espalhada, principalmente entre jornalistas, porque, afinal, cultuam a beleza do futebol e poucas situações são tão belas como viradas épicas.
E teria mais, muito mais, para deixar quem cobre futebol pelo Patropi afora mortinho de inveja.
O domingo reservou o 211º e maior clássico da Grã-Bretanha, entre Liverpool e Manchester United, nascido em 1894.
Ambos disputam a vida inteira quem é maior: o United, 20 vezes campeão inglês, três vezes campeão europeu e duas vezes mundial, ou o Liverpool, 19, seis e uma?
Os de Manchester não têm dúvida, mas os de Liverpool dizem que os Beatles desempatam a favor deles, como se futebol e música tivessem alguma coisa a ver. E não é que têm? Muito!
Placares humilhantes entre os dois só haviam acontecido quatro vezes: 7 a 1 para o Liverpool, em 1895; 6 a 1 para o United, em 1928, e dois 5 a 0, um para cada lado, o do United em 1947 e o do Liverpool em 2021.
O jogo deste domingo confirmaria o United ainda como pretendente ao título, em terceiro lugar, e a busca desesperada dos Reds para ficar entre os quatro e garantir lugar na Liga dos Campeões.
O mínimo que se esperava era o máximo que se esperava: um clássico equilibrado e a expectativa se confirmou no primeiro tempo, com solitário gol do Liverpool, aos 43 minutos.
Então, o estádio de Anfield viu os anfitriões como se estivessem no Mineirão.
Foram nada menos que seis gols nos 45 minutos finais, aos 47, 50, 66, 75, 83 e 89. Um espanto!
O que explica uma coisa dessas?
Digam o que disserem os jornalistas, não se explica.
Nem os vitoriosos sabem, perplexos como os derrotados.
O que se sabe, e se inveja, é o privilégio dos jornalistas ingleses de testemunharem os jogos que fazem do campeonato deles algo único.
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