Logo após o Natal e antes do Ano-Novo é reconhecidamente o período mundial para a troca dos presentes de que você não gostou, mesmo aqueles que você sorriu ao receber. Sempre tem uma pequena questão que podemos usar como desculpa na hora da troca: é só a cor, o tamanho, o tecido, a mistura de bolas e listras que me deixa tonto etc. e tal.
Deveria ter algo parecido no futebol para contratações de jogadores. Muitos deles, aliás, são anunciados como presentes para a torcida —que normalmente ninguém pediu, a não ser os dirigentes. Jogador-presente deveria poder ser trocado.
Este humilde escriba leu com ar de incredulidade nesta semana que Pedro Raul, o atacante belo, decidiu que vai ficar no Corinthians apesar das propostas. Meu choque inicial foi com o plural da informação: propostas (?).
Qual foi o dirigente que analisou a temporada de Pedro Raul no Corinthians e pensou: “minha torcida precisa desse presente”?
Para quem não lembra, Pedro formou com Yuri Alberto a dupla mais garbosa do futebol brasileiro durante um curto período em 2024. Juntos, marcaram 15 gols no Brasileiro, soma que deu a artilharia do torneio para Yuri (com 15 gols).
Talvez a sugestão para comprar o belo atacante tenha vindo após a análise de algum departamento de scout —departamentos de scout são o último lançamento importado que foi adquirido com louvor pelo futebol brasileiro. Qualquer compra que gere dúvida entre os coleguinhas pode ganhar, como desculpa, que foi feita “após detalhada análise do departamento de scout”.
O presidente corintiano Augustus Melo, um homem sem plural, é um que adora a muleta do departamento de scout. Se não me engano, usou até com Pedro Raul, quando o motivo óbvio da compra era a pura sedução. Eu compraria Pedro Raul também. Enfim…
Mas entendo a decisão do belo Pedro de querer continuar no clube e provar que é mais que um rostinho bonito (difícil). Afinal, não é qualquer lugar que te paga mais de R$ 500 mil por mês por poucas horas de trabalho.
Aliás, li em algum lugar que Augustus queria pedir outro reforço na conta do patrocinador, à la Memphis. Para quem está cheio de dívidas, Augustus é bem pidão (minha filha é assim também… essas crianças).
O Vasco tem demonstrado que também tem dificuldades na hora de escolher presente —este escriba inclusive esperava um pouco mais do presidente Pequeno Pedro, ótimo nos comentários esportivos. Tentaram comprar, veja só, o cabeludo calvo David Luiz, dito zagueiro.
Para sorte dos vascaínos, o próprio jogador avisou que não conseguiria jogar no Vasco depois das glórias testemunhadas como atleta do Flamengo, quase sempre do banco de reservas.
Talvez todos os clubes pudessem se reunir em volta de uma grande mesa e fazer uma troca de presentes. Certeza de que teriam algo para colocar na bancada, de lateral irlandês a atacante feliz da Copa de 2014 —todos com passaporte, é importante ter passaporte.
Esperto mesmo tem sido o Palmeiras, que comprou presente de Natal (o atacante uruguaio Facundo Torres) e já está comprando um para a festa junina (Paulinho, do Atlético Mineiro, que fez uma cirurgia e dificilmente jogará antes de maio) —até a conclusão desta humilde coluna, a negociação parecia bem encaminhada. É presente para o ano inteiro.
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