João Fonseca mostrou, na primeira partida de sua carreira na chave principal de um Grand Slam –série que reúne os quatro principais torneios do circuito do tênis–, que é justificada a grande expectativa criada em torno de seu nome. Em um excelente jogo, derrotou o russo Andrei Rublev, número nove do mundo.
O brasileiro de 18 anos, 112º colocado na lista da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), não se intimidou na quadra Margaret Court, a segunda maior do Melbourne Park, em Melbourne, onde é disputado o Australian Open. Diante de um adversário bem mais experiente, estabelecido no top 10, fez 3 sets a 0, parciais de 7/6 (7/1), 6/3 e 7/6 (7/5).
O triunfo sobre o russo de 27 anos deve assegurar o carioca na faixa da centésima posição do ranking mundial, mas ele quer mais. Derrubado o nono cabeça de chave, o jovem agora terá pela frente o italiano Lorenzo Sonego, de 29 anos, 55º do mundo, que fez 3 sets a 1 no suíço Stanislas Wawrinka.
Cheio de confiança após dois títulos –no Next Gen ATP Finals e no Challenger de Canberra–, Fonseca chamou a atenção do mundo do tênis. Ganhou elogios de múltiplas figuras importantes do esporte e entrou na chave principal na Austrália com 13 vitórias consecutivas e uma expectativa rara para alguém de sua idade.
Logo de cara, demonstrou não estar assustado com o desafio. Se exibiu alguma ansiedade para definir os primeiros pontos, mostrou também ter capacidade técnica para encarar Rublev e sua poderosa direita. Em ousadia tática, atacou bastante justamente a direita do rival, que geralmente espera ataques na esquerda.
Com os dois tenistas sacando bem, o equilibrado primeiro set teve apenas uma oportunidade de quebra, com o brasileiro servindo em 3/4. Em um rali com 17 trocas de bola, João se manteve firme e salvou o break point. A parcial foi ao tie-break, com ótimos saques e devoluções do garoto: 7 a 1.
O bom momento foi carregado para o segundo set, com quebra no início e vantagem de 3/0. O russo já demonstrava alguma impaciência com a dificuldade para encontrar brechas consistentes de ataque e, de novo, não conseguiu aproveitar o game em que teve chance de quebra, perdendo a parcial por 6/3.
Rublev, enfim, conseguiu uma quebra no terceiro set, abrindo 3/1. Mas Fonseca não se abateu, devolveu o favor no game seguinte e mostrou personalidade nos momentos de dificuldade, com sua direita poderosíssima –uma, de 181 km/h, era ao menos até aquele momento a mais veloz do torneio. O set foi ao tie-break, e o brasileiro fez 7 a 5.