Integrantes do Itamaraty avaliam que a posse do novo presidente do Líbano, Joseph Aoun, deve reforçar a presença do exército libanês em detrimento de grupos armados e pode ajudar a trazer estabilidade e governabilidade para o país.
Os diplomatas ponderam, porém, que a situação é sensível em toda a região do Oriente Médio e pode ter outros desdobramentos.
O Brasil acompanha o Líbano de perto por abrigar a maior comunidade brasileira no Oriente Médio. Mais de 20 mil brasileiros vivem no país. Com a intensificação do conflito com Israel em 2024, o governo brasileiro fez operações para repatriar cidadãos.
Joseph Aoun chega ao comando do Líbano depois de dois anos de vacância na presidência. Chefe do exército, ele tomou posse em trajes civis.
Apesar de na América Latina a posse de militares estar ligada à repressão, diplomatas brasileiros avaliam que no sistema político libanês a figura do general é vista de forma diferente: como um funcionário do alto escalão e que busca recuperar a capacidade governamental.
Um dos trechos mais aplaudidos na posse do libanês foi aquele em que Aoun afirmou a necessidade das Forças Armadas assumirem o controle completo do país.
Essa é uma demanda que também atende a um dos pontos do acordo de cessar-fogo com Israel, mediado pelos Estados Unidos.
O texto prevê que o exército libanês deve retomar territórios que estão sob controle de milícias, inclusive do Hezbollah. O exército do Estado do Líbano não participou do confronto com Israel.
A avaliação do Brasil é que, com um presidente ligado ao exército e também com queda de Bashar-al-Assad na Síria, podem aumentar as chances de um restabelecimento do país.
Assad abriu as fronteiras do território para a passagem de armas para o Hezbollah. A queda do sírio foi considerada um dos pontos de enfraquecimento do grupo neste momento.
Sistema político libanês
O Líbano se organiza em um sistema que distribui o poder para as diferentes comunidades religiosas, chamado sistema confessional.
Tradicionalmente, a presidência fica com os cristãos maronitas, o primeiro-ministro é indicado pelos mulçumanos sunitas e, o legislativo controlado pelos mulçumanos xiitas.