Após ficar com a medalha de prata nas edições de 2022 e 2023 do Olympia, Isa Pereira Nunes se emocionou ao conquistar o título da Wellness –categoria na qual as atletas têm membros inferiores mais desenvolvidos do que os superiores e não exibem estriamentos nos músculos– em 2024. “Tudo aquilo que eu imaginava por anos se tornou realidade (…) não contive a emoção, foi realmente a realização de um grande sonho”, diz a fisiculturista carioca. A atleta ainda completa que, na hora, “pareceu que o mundo havia parado”.
Até a noite do dia 11 de outubro deste ano, o maior campeonato do fisiculturismo mundial havia observado apenas uma campeã na divisão citada. Desde 2021, quando a categoria foi incluída no evento, Francielle Mattos enfileirou três títulos e criou uma dinastia.
O cenário mudou, entretanto, quando Isa superou sua adversária e conquistou o título. Para ela, esta é sua vez de brilhar: “acho que a gente já passou dessa fase (…) agora é meu momento”. Em entrevista exclusiva, a fisiculturista diz quer “construir seu próprio legado” e se tornar a “maior campeã Wellness da história”.
Saúde mental
Em 2024, Isa recebeu a notícia de que seu pai havia falecido. Em adição a outras perdas familiares recentes com as quais a atleta teve que lidar, o choque foi o estopim de uma fase difícil. “A gente vai deixando o luto de lado: ‘eu sou forte. Vou conseguir, vou continuar’. Até que chega um momento em que a gente derrete, desmorona. E foi isso que aconteceu comigo”, lembra.
Diante da situação, a fisiculturista decidiu buscar tratamento: “fui buscar ajuda de profissionais porque eu precisava entender o que estava acontecendo naquele momento. Eu vim de três lutos praticamente seguidos”.
“Não quero passar a impressão de que esse processo foi rápido. Falando assim, depois, até parece que foi de uma hora para a outra, mas não foi. Foram meses sem ânimo para treinar, para postar nas redes sociais, para trabalhar”, conta.
Preparação diferente
Após se recuperar, Isa iniciou, oficialmente, sua preparação para a edição de 2024 do Olympia. Segundo a atleta, ela “treinou pesado como nunca havia feito antes”. O foco no título era tanto que chegou a “errar para mais”.
“Chegou um momento em que eu entrei em ‘overtraining’, que é quando seu corpo não responde mais aos estímulos do treino e da dieta. Isso nos fez repensar a estratégia”, explica.
Diante do contexto, a fisiculturista e seu treinador decidiram usar os excessos para traçar um novo plano: “na reta final, não fizemos cárdio e nem zeramos o carboidrato. Basicamente, eu não precisei sofrer tanto no último mês antes do campeonato”.
Com o resultado, Isa e sua equipe decidiram mudar a forma como seu trabalho é conduzido. Anteriormente, a atleta iniciava a preparação para os campeonatos de 8 a 10 semanas antes da competição. Agora, a intenção é de começar esse processo de 13 a 14 semanas antes do campeonato: “a gente prefere fazer ‘menos’, mas por mais tempo. Assim, vou perdendo gordura aos poucos, mas mantenho meus músculos densos e minha aparência saudável”.
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