Motivo seria a inexperiência com drones, diz parlamentar; Kim Jong Un prepara “mobilização nacional”
Confrontos intensos contra forças ucranianas na região de Kursk, na Rússia, causaram a morte de pelo menos 100 tropas norte-coreanas e ferimentos em outras 1.000. As informações são da Reuters.
Os dados foram ditos pelo parlamentar norte-coreano Lee Seong-kweun a jornalistas nesta 5ª feira (19.dez.2024) depois de uma sessão fechada do parlamento com a agência de espionagem do país, o NIS (na sigla em inglês, Serviço Nacional de Inteligência).
Lee ressaltou a inexperiência das tropas norte-coreanas em guerras de drones e a falta de familiaridade com o terreno aberto como as causas para as perdas da tropa.
A estimativa de 100 mortes é discrepante se comparada com a feita por um oficial militar dos EUA, que falou em “centenas de baixas”. A divergência se deve à análise relativamente conservadora do NIS, segundo Lee.
“Nossa última estimativa de baixas da Coreia do Norte é de várias centenas”, disse o oficial, que pediu anonimato, na 3ª feira (17.dez).
O parlamentar ainda disse que há indícios de que a Coreia do Norte se prepara para uma mobilização adicional, com o líder norte-coreano Kim Jong Un supervisionando o treinamento das tropas.
O relato surge em um contexto onde mais de 10.000 soldados norte-coreanos foram mobilizados para apoiar a Rússia na guerra, segundo autoridades dos EUA e da Coreia do Sul, principalmente na região de Kursk, onde a Ucrânia lançou uma incursão transfronteiriça em agosto.
A capital da Coreia do Norte, Pyongyang, também teria enviado mais de 10.000 contêineres de projéteis de artilharia, foguetes antitanque, obuses mecanizados e lançadores de foguetes. Contudo, nem a Coreia do Norte nem a Rússia confirmaram oficialmente o envio de tropas e armamentos.
ALIANÇA NORTE E RÚSSIA
A aliança militar entre a Coreia do Norte e a Rússia foi reforçada com a assinatura de um tratado de “parceria estratégica abrangente” durante a visita do presidente russo, Vladimir Putin, a Pyongyang em junho de 2024. O tratado inclui um pacto de defesa mútua.
Na 5ª feira (19.dez), a Coreia do Norte defendeu sua aliança com a Rússia como “muito eficaz” em dissuadir os Estados Unidos e suas “forças vassalas”, sem mencionar diretamente seu envolvimento na Ucrânia ou as baixas sofridas.
O país asiático criticou uma declaração dos Estados Unidos, de 9 países e da UE (União Europeia) emitida na 2ª feira (16.dez). Disse que ela estava “distorcendo e caluniando a essência das relações normais de cooperação” entre o Norte e a Rússia.
Um porta-voz não identificado do Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte culpou a capital dos EUA, Washington, e seus aliados de estarem prolongando a guerra na Ucrânia e desestabilizando a segurança na Europa e na Ásia-Pacífico.
“Isso se deve aos atos equivocados dos EUA e do Ocidente, que persistem em sua política militar destrutiva de estruturas, orientada para a hegemonia e aventureira”, afirmou.