Estado, maior produtor dos EUA, declara emergência após vírus H5N1 contaminar 660 propriedades
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirma que 660 das 984 fazendas leiteiras da Califórnia estão contaminadas com o vírus da gripe aviária H5N1. O Estado, maior produtor de leite do país, responde por 18% da produção nacional, com 18,6 bilhões de litros produzidos em 2023, segundo dados da Dow Jones Newswires.
O governador Gavin Newsom declarou estado de emergência em meados de dezembro. A situação é agravada pelo registro de contaminação em trabalhadores: metade dos 65 casos humanos de H5N1 identificados neste ano ocorreu entre funcionários das fazendas californianas.
A Califórnia implementou um programa rigoroso de testes em todas as propriedades leiteiras. O USDA iniciou monitoramento mais amplo apenas em dezembro, pois não havia exigência federal anterior para testar leite não processado, exceto em casos de transporte interestadual de animais.
Especialistas dizem que a concentração das fazendas no Vale Central contribui para a rápida disseminação do vírus da gripe aviária. O movimento constante de caminhões, bezerros e trabalhadores facilita a contaminação entre as propriedades.
O USDA afirma que a transmissão ocorre principalmente por equipamentos de ordenha e roupas contaminadas. No entanto, pesquisadores alertam que são necessários mais estudos para compreender completamente os mecanismos de propagação do vírus.
Risco à saúde pública e monitoramento
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) classifica como baixo o risco da gripe aviária H5N1 à saúde pública, posição também adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Contudo, o monitoramento é constante devido à capacidade de mutação do vírus. Dos 61 casos confirmados em humanos desde abril, 34 foram registrados na Califórnia, incluindo a primeira infecção em uma criança, relatada no mês passado.
Transmissão entre mamíferos
Um estudo publicado na revista científica Nature em julho de 2024 trouxe evidências preocupantes. Pesquisadores da Universidade Cornell, em Nova York, confirmaram a transmissão do vírus entre mamíferos, identificando sua circulação entre vacas e a posterior contaminação de gatos e um guaxinim. Até o momento, não há registros de transmissão entre humanos.