Greve dos metroviários continua nesta sexta-feira (24) em SP


Como a estatal não se pronunciou até o horário definido pelo sindicato, a direção manterá as estações fechadas

Tulio Kruse, Carlos Petrocilo e Claudinei Queiroz

Pelo segundo dia consecutivo, nesta sexta-feira (24), a população de São Paulo sofrerá com a paralisação dos funcionários das linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha do metrô e a linha 15-prata do monotrilho.

A continuação da greve, após um dia de confusão nas estações, foi confirmada pelo Sindicato dos Metroviários após as 23h, quando terminou o prazo limite dado à Companhia do Metropolitano de São Paulo para aceitar a proposta sugerida pelo Ministério Público do Trabalho e aceita pelo sindicato na audiência de conciliação realizada na tarde desta quinta (23), no Tribunal Regional do Trabalho.

Como a estatal não se pronunciou até o horário definido pelo sindicato, a direção manterá as estações fechadas. O que ainda não está definido é se haverá liberação das catracas à população, como querem os metroviários, que se prontificaram a trabalhar, desde que seja sem cobrança da tarifa. Essa definição cabe ao Metrô.

Logo após o prazo, o Metrô divulgou uma nota confirmando que seguirá com o plano de contingência nesta sexta. Se for mantido o plano desta quinta, a linha 1-azul funcionará da estação Ana Rosa à Luz; a 2-verde, da estação Alto do Ipiranga à Clínicas; e da 3-vermelha, da estação Santa Cecília à Bresser-Mooca. A linha 15-prata permanece fechada.

Nas outras estações dessas três linhas seguem à disposição da população os ônibus do sistema Paese (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência).

A operação das linhas 4-amarela e 5-lilás do metrô de São Paulo não é afetada pela greve, e os trens circulam normalmente, assim como as linhas da CPTM.


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O rodízio municipal de veículos também continua suspenso nesta sexta. Assim, os carros cujas placas terminam com 9 ou 0 podem circular normalmente pelo centro expandido. Será o segundo dia seguido que a capital fica sem a restrição de veículos. Nesta quinta (23), a regra também não vigorou, igualmente em decorrência da paralisação.

Durante a audiência da tarde, a companhia manteve a posição de que não atenderia a reivindicação de pagamento de abono salarial nem de revogação de demissões.

O Ministério Público do Trabalho teria sugerido o pagamento referente a um ano de abono salarial. Segundo o sindicato, isso seria equivalente a R$ 2.700, valor considerado baixo pela categoria. Apesar dessa avaliação, eles decidiram pela aceitação da proposta, segundo a presidente do sindicato, Camila Ribeiro Lisboa.

“Na audiência no TRT, o Ministério Público do Trabalho apresentou uma proposta de abono para os metroviários e também seguir negociações de outros itens. Na assembleia, eu e toda a diretoria do sindicato aceitamos a proposta do MPT e esperamos o Metrô se manifestar até 23h. Se for favorável, acabamos a greve e amanhã o metrô volta a funcionar normalmente”, disse Lisboa em reunião virtual com jornalistas.


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Ela também disse que os metroviários estavam dispostos a trabalhar com catraca livre nesta sexta, “para não atrapalhar muito a população” e como determinou a juíza do TRT, Eliane Aparecida da Silva Pedroso.

Em uma nova decisão, preferida na noite desta quinta (23), Pedroso afirma que o mandado de segurança pedido pelo governo do estado para cancelar as catracas livres foi usado para cancelar a decisão do próprio governo, o que não pode ser feito. Desta forma, a ação acabou trazendo prejuízos à população.

Por isso, a juíza determinou uma multa de R$ 100 mil ao Metrô por conduta antissindical. “Expôs, com isso, a risco, não apenas e gravemente os trabalhadores, mas a população, embora tenha ajuizado o pedido de liminar para evitá-los. Nesse quadro, no interior da presente Tutela Cautelar Antecedente, reitero a negativa da liminar requerida pelo Metrô e reconheço, incidentalmente, a prática de conduta antissindical, punindo-o com multa de R$ 100 mil, em favor do requerido”, decretou a juíza.

O sindicato diz que a empresa pública deixa de pagar há três anos o abono salarial devido à categoria. Eles pedem reposição do equivalente à participação nos lucros de 2020 a 2022. O Metrô, por sua vez, afirma não ter dinheiro para pagar o abono salarial neste momento, alegando que a empresa teve quedas significativas de arrecadação devido à pandemia e ainda não teve o retorno total da demanda de passageiros.


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O diretor de operações do Metrô, Milton Gioia, disse que a empresa não conta com dinheiro em caixa para se comprometer com as reivindicações dos funcionários. Segundo ele, o serviço ainda não recuperou a demanda de quase 3,8 milhões de passageiros, registradas antes da pandemia de Covid.

Em reunião com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a cúpula do Metrô não obteve nenhuma promessa de aporte do estado.

“O metrô faz esforços muito grandes para não atrasar um dia o pagamento dos funcionários. Durante a pandemia, mesmo com uma recessão muito forte, não medimos esforços para não atrasar um dia o salário de nenhum empregado”, disse Gioia. “O abono é um pedido a mais que o Sindicato está fazendo, e não temos condições financeiras de bancar este abono.”


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Em nota, o Metrô afirmou que “tentou todas as formas de negociação, inclusive com a concessão de benefícios como o pagamento de progressões salariais”. A empresa também afirma cumpre integralmente com o acordo coletivo de trabalho e as leis trabalhistas, e que “considera incompreensível a postura do Sindicato dos Metroviários que acabou punindo o cidadão”.


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