Após a alta do dólar no ano passado, que gerou desconfiança no mercado, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, anunciou que o governo deve adotar novas medidas fiscais neste ano. Em entrevista ao jornal O Globo, ele afirmou que a equipe econômica pretende estabelecer limites para supersalários e aprovar a idade mínima para militares, além de aumentar a contribuição à saúde em 2025.
“A nossa orientação é de moralização e de que deveríamos começar a revisão de gastos pelo andar de cima. Lamentamos que muitas dessas medidas que são moralizantes acabem sendo desidratadas”, disse o número 2 da pasta da Fazenda.
Em 2024, os cortes de gastos do governo foram considerados tímidos pelo mercado. Mas, de acordo com Durigan, as novas propostas de corte de despesas e arrecadação devem começar a ser debatidas após a aprovação pelo Congresso do Orçamento de 2025. Na sua avaliação, o arcabouço fiscal está funcionando, mas admite que é preciso vender o ceticismo em relação à estabilidade da dívida pública.
“Fizemos uma mesa com as instituições e com esses agentes para mostrar para eles os nossos números. Apresentamos medidas dentro do governo, vencemos a etapa e aprovamos no Congresso (as medidas), o que vai facilitar o funcionamento do arcabouço fiscal em 2025 e 2026, de maneira definitiva”, salientou o secretário ao Globo.
Quanto ao dólar, Durigan disseque não lhe cabe julgar se o patamar da moeda americana no Brasil é adequado ou não, mas reconhece que entre as causas da alta estão o cenário externo e interno.
Segundo ele, há várias causas, entre elas, as sazonais, resultado de mudanças climáticas. Ele reforça que o componente do gasto público não foi fundamentalmente contribuidor para essa inflação.
“Se a gente compara a despesa federal na proporção com o PIB, saímos de um patamar de 19,5% em 2023 para 18,5% em 2024. O país cresceu, e a despesa não. Não há motivo para alarme em relação à inflação”, disse ele à entrevista.