A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, criticou nesta quinta (31) o ditador venezuelano Nicolás Maduro por ter chamado de volta ao país o embaixador em Brasília, Manuel Vadell, e chamado o assessor Celso Amorim de “agente do imperialismo”.
O ataque ao Brasil foi feito na quarta (30) como uma retaliação pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter influenciado a decisão da cúpula do Brics de não aceitar a Venezuela no bloco.
“Lamento esse posicionamento do governo venezuelano. Celso Amorim não é agente do imperialismo, é um companheiro do PT”, disse em entrevista à GloboNews.
Esta foi a primeira crítica pública dela e do PT após a eleição com fortes indícios de fraude que reelegeu Maduro ao governo do país. No entanto, Gleisi Hoffmann não recuou do posicionamento do partido, que reconheceu a vitória do ditador contestada pela comunidade internacional e contrário ao próprio presidente Lula, que condicionou o reconhecimento à apresentação pública das atas de votação.
“O PT defende a superação das diferenças existentes entre governos por meio do diálogo e do entendimento. Esperamos que isso logo possa ser atingido entre os dois governos”, disse.
O governo venezuelano ainda convocou o encarregado de negócios do Brasil no país para uma consulta, o embaixador Breno Hermann. O ato, assim como Maduro fez, é visto como uma reprimenda de um país ao outro no meio diplomático.
“O povo venezuelano sente indignação e vergonha por esta agressão inexplicável e imoral da chancelaria brasileira (Itamaraty), mantendo a pior das políticas de Jair Bolsonaro contra a Revolução Bolivariana fundada pelo Comandante Hugo Chávez”, disse o governo de Maduro.
Por outro lado, o governo brasileiro decidu segurar a reação à Venezuela e não deve se pronunciar por enquanto.
Lula tinha uma relação de proximidade com o regime bolivariano desde seus primeiros mandatos, quando Hugo Chávez ainda era presidente da Venezuela. Em nome dessa aproximação, o governo Lula atuou para buscar uma solução diplomática em Caracas, mas não obteve sucesso.
Apesar de prejudicado e desgastado, analistas consultados pela Gazeta do Povo avaliam que o impasse entre Lula e Maduro e a convocação do embaixador e do encarregado de negócios não devem afetar o relacionamento entre os dois países, o qual deve ser mantido pelas chancelarias. Ou seja, a crise pode estar relacionada a relações de poder e egos dos dois líderes.
Esse imbróglio, contudo, pode virar um impasse político para Lula. Isso porque o Brasil assume a presidência dos Brics em 2025 e sedia a Cúpula de Líderes do grupo. Com o interesse de Caracas em ingressar o bloco, levanta-se a dúvida sobre a participação de Maduro no encontro. Não convidá-lo pode gerar uma crise diplomática.