A presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), chamou o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, de “cara de pau” após o economista criticar a tentativa de extinção da jornada de trabalho 6×1.
“Que Roberto Campos Neto não entende nada sobre a vida e as necessidades de quem trabalha pra ganhar a vida num país com as maiores taxas de juros do mundo, isso não é novidade pra ninguém. Mas dizer que o fim da jornada 6×1 vai prejudicar os trabalhadores é muita cara de pau”, disse Gleisi em um perfil no X, nesta sexta-feira (15).
“A declaração serve, pelo menos, para deixar bem claro de que lado ele está, e não é o lado dos trabalhadores nem o do Brasil”, completou a petista.
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Fim da jornada 6×1 é “inevitável” e governo deveria subsidiar, diz ministro de Lula
Na quinta-feira (14), durante uma palestra do Fórum Liberdade e Democracia de Vitória, Campos Neto classificou a iniciativa pelo fim da escala 6×1 como “bastante prejudicial”.
“É um projeto que acho bastante prejudicial para o trabalhador, porque no final vai aumentar o custo de trabalho, a informalidade e diminuir a produtividade”, afirmou o presidente do BC.
PEC do PSOL propõe fim à escala 6×1
O tema ganhou repercussão esta semana por conta da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), apresentada por Erika Hilton, líder da federação PSOL – Rede na Câmara dos Deputados, que propõe a extinção da jornada de trabalho 6×1.
A PEC propõe a substituição da jornada de trabalho 6×1 – na qual os empregados trabalham por seis dias na semana, folgando um – pela jornada 4×3, com quatro dias trabalhados e três de folga.
Ministro de Lula quer subsídio do governo para viabilizar redução de jornada
Neste sábado (16), o ministro do Empreendedorismo da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França (PSB), disse que o fim da jornada de trabalho 6×1 é “inevitável” e que o governo deveria subsidiar a redução da escala para empresários de menor porte.
O ministro também comparou a ideia de redução da jornada de trabalho com programas de incentivo dados ao agronegócio e aos setores exportadores.
França ainda disse que uma das formas de compensar a redução da jornada de trabalho seria reduzindo impostos.
Não há estudos sobre o impacto da PEC
A iniciativa vem na esteira do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que ganhou força nas redes sociais desde setembro do ano passado.
Tudo começou com uma postagem contra a jornada 6×1 feita pelo ativista Rick Azevedo, que trabalhava de balconista.
O assunto viralizou e, desde então, o movimento conseguiu somar 1,5 milhão de assinaturas em um abaixo-assinado em favor da redução de carga horária.
Ao defender a proposta, Erika Hilton (PSOL-SP) disse que a PEC se baseia apenas nas escalas adotadas em outros países, mas que sequer tem um estudo do impacto que causaria na economia brasileira.
Críticas
Analistas ouvidos pela Gazeta do Povo dizem que a proposta é populista e pode ser uma “armadilha” para empresas e funcionários.
Políticos e representantes de entidades também têm usado as redes sociais para criticar o projeto.
Na terça, o presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci Júnior, chamou a proposta de “ideia estapafúrdia”.
De acordo com o empresário, a demanda por bares e restaurantes abertos sete dias por semana vem dos clientes e deixar de atendê-los criaria um problema financeiro.