Quando morava no Brasil, republicano teria dado golpe em atendente do RJ no valor de US$ 1.300 em roupas e sapatos
O congressista George Santos, 34 anos, chegou a um acordo com promotores de Justiça do Brasil depois de ser acusado de ter dado um golpe em um atendente do Rio de Janeiro no valor de US$ 1.300 (R$ 6.878 na cotação atual) em roupas e sapatos. O caso teria acontecido em 2008, época em que o republicano morava em Niterói (RJ). As informações são da CNN.
De acordo com documentos obtidos pela CNN, o advogado de Santos escreveu uma petição em janeiro deste ano, na qual o republicano se compromete a confessar formalmente a fraude e pagar indenizações à vítima.
A petição solicita ainda a realização de um acordo de não persecução penal, em vez de um julgamento. A defesa alega que, agora, Santos está “empregado” e “ressocializado”. De acordo com a legislação brasileira, a resolução pode ser proposta pela Justiça ou pelo acusado quando o delito em questão for a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 anos, como por exemplo, furto e estelionato.
A petição também pede autorização para que o deputado republicano fosse contatado pela Justiça por e-mail ou telefone, além de participar do processo por videoconferência.
Em resposta, os promotores enviaram um memorando de aceitação ao acordo e pediram à defesa de Santos garantias de que podem entrar em contato com a vítima do crime para indenizá-la antes que o acordo seja finalizado.
A CNN disse ter questionado o republicano no Capitólio, nos Estados Unidos, mas Santos não quis comentar. Advogados do deputado nos EUA e Brasil também foram contatados, mas ainda não houve resposta.
GEORGE SANTOS
George Santos foi eleito para representar o 3º distrito do Estado de Nova York nas eleições de meio de mandato nos EUA, realizadas em novembro de 2022. Ele recebeu 54,1% dos votos. O congressista se alinha à ala mais conservadora do Partido Republicano. Na campanha, tinha um discurso considerado homofóbico e transfóbico.
Em 15 de fevereiro de 2023, o jornal New York Times publicou que o deputado fez uma série de pagamentos incomuns usando a verba destinada a sua campanha eleitoral.
De estadias em hotéis de luxo, a diversos pagamentos de US$ 199,99, isto é US$ 0,01 abaixo do valor máximo de gastos sem a necessidade de apresentar recibo. A informação é do The New York Times.
Ao todo, US$ 365.399 (cerca de R$ 1,9 milhão na cotação atual) em gastos não foram discriminados. De acordo com o jornal norte-americano, os lançamentos sem recibos representam 12% do total de despesas da campanha de Santos. Em média, os políticos costumam não detalhar cerca de 2% dos gastos.
Também foram encontradas outras irregularidades. Candidatos republicanos, por exemplo, afirmaram ter recebido US$ 26.000 em doações de Santos, mas esses valores não aparecem na prestação de contas da campanha do deputado. Segundo o jornal, a equipe do republicano alterou os registros financeiros 36 vezes.
George Santos já admitiu ter inventado informações para o seu currículo e mentido sobre informações pessoais.
O congressista dizia ter se formado em finanças e economia pela Baruch College e pela Universidade de Nova York e trabalhado para Citigroup e Goldman Sachs, em Wall Street, mas voltou atrás em entrevista ao jornal The Post em 26 de dezembro de 2022.
“Não me formei em nenhuma instituição de ensino superior. Estou envergonhado e arrependido por ter enfeitado meu currículo”, disse. “Eu admito isso… fazemos coisas estúpidas na vida”.
Santos é filho de imigrantes brasileiros. Durante a campanha, o republicano alegou ser judeu e disse que seus avós escaparam de nazistas durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945).
George Santos também foi acusado de assédio sexual. No dia 3 de fevereiro de 2023, um homem chamado Derek Myers, que diz ter trabalhado no gabinete do deputado republicano, informou em seu perfil no Twitter que registrou uma ocorrência na polícia do Capitólio dos Estados Unidos relatando ter sido vítima de violações éticas e de assédio sexual pelo congressista.
No documento compartilhado por Derek, ele explica que concordou em trabalhar voluntariamente no gabinete do congressista, mas que havia a promessa de que teria um contrato e seria pago para trabalhar. Derek foi dispensado na última semana.
Além disso, ele detalha um dia de trabalho em que estava no escritório a sós com o congressista, quando George teria perguntado se o funcionário tinha perfil no Grindr, um aplicativo destinado ao perfil de público LGBTQI+. Depois, teria se aproximado, tocado na virilha de Derek e o convidado para ir a um karaokê.
No dia 2 de março de 2023, o Comitê de Ética da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos abriu uma investigação contra George Santos. O republicano reconheceu publicamente que fraudou o próprio currículo e mentiu a respeito de informações pessoais. Eis a íntegra do comunicado oficial do comitê (116 KB, em inglês).