Diretor de Política Monetária do BC afirma que promessa do republicano de elevar tarifas de importação pode causar um aumento generalizado de preços
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta 6ª feira (15.nov.2024) que a eleição de Donald Trump (republicano) para a Presidência dos Estados Unidos fortaleceu o dólar e “penaliza” as economias dos países emergentes por resultar em uma tendência de aumento da inflação, devido à promessa do republicano de elevar tarifas de importação, o que, segundo ele, pode causar um aumento generalizado de preços. Com isso, o Fed (Federal Reserve), o banco central norte-americano, não deve cortar os juros tanto quanto esperado.
“Se o Trump vai combater a imigração, logo vai ter aumento de mão de obra nos Estados Unidos. Se o Trump vai botar mais tarifa de importação, os preços vão subir. Essa ideia provocou uma elevação também nas taxas de juros”, disse o futuro presidente do BC durante no painel Nova Arquitetura Global do G20 Talks, incluído na programação do G20 Social, no Rio de Janeiro. Segundo ele, as taxas de longo e curto prazo já subiram nos Estados Unidos.
Galípolo lembra que “os juros que o mundo cobra para todos os outros países são os juros americanos”. “Logo, ao ter juros americanos mais altos, foi imposto a todos os outros países um custo financeiro mais alto para conseguir se financiar”, afirma.
“Pelo lado financeiro, isso está penalizando os países emergentes e de baixa renda, em especial países latino-americanos e africanos.”
Para a economista alemã Isabella Weber, a tendência é que o novo governo norte-americano pode acirrar as disputas comerciais, dificultando a cooperação internacional. Durante a campanha, Trump disse que pretende elevar os impostos incidentes em produtos importados e maior proteção à produção nacional.
“A gente precisa de cooperação para passar para uma nova maneira de organização. Os desafios é que estamos ao mesmo tempo nos trilhos de aumentar os confrontos. Depois da eleição dos Estados Unidos, vamos ter mais guerra comercial, mais confrontos, mais tensões, que fazem com seja mais difícil a comunidade internacional se juntar e cooperar”, afirmou no encontro.
No encontro, Galípolo também disse que o mundo encontra-se em uma “bifurcação” sobre a arquitetura financeira global. Acrescentou que a globalização chegou a ter sucesso, mas faltou inserir critérios de gestão no que se refere à sustentabilidade e justiça social e ambiental. Desta forma, o cenário internacional tem questionado qual será o futuro da globalização.
“Alguns líderes globais questionam essa arquitetura e querem voltar atrás, no sentido de vamos desglobalizar, vamos nacionalizar, o que tem de errado é culpa do outro que vem de fora. Essa é uma vertente política e existe uma outra, que parece bastante claro que é o que o Brasil vem defendendo, de reglobalizar”, afirmou o diretor no painel Nova Arquitetura Global do G20 Talks, incluído na programação do G20 Social.
“A proposta dessa nova arquitetura global, a qual o Brasil tem se alinhado e defendido, é como é possível a gente não desglobalizar. Não há nenhuma satisfação, da gente enquanto povo, saber que o êxito do meu país e da minha economia está calcado na exploração ou no problema de um outro povo”, disse, acrescentando que a nova arquitetura precisa ir além das vantagens comerciais, e buscar sucesso nas áreas social e ambiental.
Com informações da Agência Brasil