Incerteza fiscal no Brasil e patamar dos juros nos EUA ajudam a explicar saída de recursos de investidores; Ibovespa recua 9,69% no acumulado do ano
Os investidores estrangeiros retiraram R$ 32,4 bilhões da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) no acumulado de 1º de janeiro a 17 de dezembro de 2024, último dado disponível. Quando se consideram ofertas iniciais (IPOs) e secundárias (follow-ons), o resultado no ano fica negativo em R$ 24,5 bilhões.
No mês até 3ª feira (17.dez), houve a entrada de R$ 1,4 bilhão. Eis os dados do capital estrangeiro na B3:
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou nesta 5ª feira (19.dez) aos 121.187,91 pontos, o que representa uma alta de 0,34% no dia. Na parcial da semana, recuou 2,75% e caiu 9,69% no acumulado de 2024.
O desempenho negativo da Bolsa brasileira se dá ao mesmo tempo que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalha para aprovar medidas de ajuste fiscal e o projeto do Orçamento de 2025. O recesso legislativo começa oficialmente na 2ª feira (23.dez), mas deputados e senadores devem deixar Brasília antes disso, por causa do fim de semana.
Investidores demonstraram temor de que o Congresso desidratasse as medidas de cortes de gastos, que economistas e agentes do mercado financeiro já consideravam insuficientes. Ao detalhar o pacote fiscal em 28 de novembro, o impacto estimado pela equipe econômica foi de R$ 71,9 bilhões para 2025 e 2026. A projeção para os próximos 6 anos é de R$ 327 bilhões.
As Bolsas norte-americanas registraram queda nesta 5ª feira (19.dez). Leia os dados dos principais índices do mundo abaixo na parcial da semana:
Além da incerteza fiscal no Brasil, há a atuação do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA). A autoridade monetária norte-americana tem reduzido com cautela os juros –indicou que deve realizar mais 2 cortes em 2025.
No comunicado (íntegra – PDF – 186 kB, em inglês), disse que a atividade econômica segue em expansão. O corte anunciado na 4ª feira (18.dez) foi de 0,25 ponto percentual.
Com isso, o intervalo da taxa básica de juros de 4,50% a 4,75% para 4,25% a 4,50% ao ano. Os juros altos nos EUA atraem recursos para o país norte-americano.
DÓLAR
O dólar comercial fechou com queda de 2,3% nesta 5ª feira (19.dez.2024), cotado a R$ 6,12. A moeda norte-americana caiu pela 1ª vez depois de 5 pregões seguidos de alta.
A queda está relacionada aos 2 leilões de dólar à vista do BC (Banco Central), que somaram US$ 8 bilhões nesta 5ª feira. A autoridade monetária brasileira já vendeu mais de US$ 20 bilhões em leilões à vista ou de linha em dezembro, mas a cotação da moeda dos Estados Unidos segue acima de R$ 6.
RISCO BRASIL
Usado para medir a confiança na economia, o risco-país atingiu 187 pontos nesta 6ª feira (19.dez). Há 1 ano (19.dez.2023), registrava 135.
Quando menor o índice, maior a capacidade do país em atrair recursos.
trajetória – leia no gráfico abaixo a trajetória do risco Brasil desde 2018: