Família e advogados: as visitas aos “kids pretos” suspeitos de golpe na prisão


Os militares indiciados e presos preventivamente pela suposta participação na tentativa de golpe têm recebido visitas de familiares próximos e de advogados desde que foram transferidos para Brasília.

Os três integram o grupo especial de elite do Exército, conhecido como “kids pretos”, e estão custodiados no Batalhão de Polícia do Exército (BPE), na capital federal.

O general Mario Fernandes e o tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo chegaram à unidade em 5 de dezembro. Já o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima foi transferido no dia 8.

Conforme documento do Comando Militar do Planalto (CMP), Mario Fernandes recebeu seus advogados 11 vezes, entre 6 e 19 de dezembro.

O general também foi visitado por sua esposa, dois filhos, dois irmãos e sua mãe, por diversas vezes no período.

Entre 10 e 19 de dezembro, Hélio Ferreira Lima teve vista de seus advogados por cinco vezes. Seus três filhos e sua esposa também foram vê-lo na prisão.

De acordo com as informações do CMP, o tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo só recebeu seu advogado em uma única ocasião: em 10 de dezembro, entre 9h e 11h47.

Esposa, filha, pai, mãe, irmã do militar se revezaram nas visitas entre 7 e 17 de dezembro.

Rotina na prisão militar

De acordo com as Normas Administrativas para Prisão Especial para militares, os presos têm direito a banho de sol, preferencialmente entre 10h e 12h, dentro do quartel.

Também são garantidas quatro refeições por dia: café da manhã, almoço, jantar e ceia.

A norma prevê que as visitas sejam em dias específicos (terça, quinta e domingo). Os dias, no entanto, podem mudar a critério do comando do batalhão “em casos excepcionais”.

Não é permitida visita íntima no local. As visitas também não podem entrar com “roupas inadequadas”, como itens transparentes, “curtas (saias acima dos joelhos, shorts/bermudas acima dos joelhos, tops, croppeds, mini blusa, etc)”.

Blusas com alças ou decote também são proibidos, além de sandália, sapato ou tênis com solado plataforma.

Quem são

O general da reserva Mario Fernandes teria sido o responsável pela elaboração do planejamento operacional “Punhal Verde e Amarelo”, ação clandestina que visava assassinar o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Segundo relatório da Polícia Federal, ele atuou como o elo entre os líderes dos manifestantes golpistas, instalados principalmente no Quartel-General do Exército em Brasília, e o governo de Jair Bolsonaro (PL), coordenando o planejamento e a execução de atos antidemocráticos, conforme o interesse dos envolvidos.

Os tenentes-coronéis Rodrigo Bezerra Azevedo e Hélio Ferreira Lima teriam participado da ação clandestina de 15 de dezembro de 2022 que tinha o objetivo de prender e matar as autoridades.

A PF indiciou 40 pessoas na investigação sobre o caso, pelos crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa no inquérito da PF.

Entre os indiciados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Braga Netto.

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