A posse de Nicolás Maduro para um novo mandato como presidente da Venezuela coloca o Brasil em uma posição diplomática delicada.
À CNN, o analista político de Internacional Felippe Ramos afirmou que o governo brasileiro enfrenta o desafio de equilibrar interesses políticos e princípios democráticos em sua relação com o país vizinho.
Ramos destaca que o impacto desse novo mandato na relação Brasil-Venezuela será “a continuidade da atual relação, que é uma relação em baixa”.
O analista aponta uma divisão dentro do próprio governo brasileiro, com setores do PT mantendo certa proximidade ideológica com o regime de Maduro, enquanto a diplomacia profissional e os interesses do Estado priorizam a defesa da democracia.
Estratégia de diplomática brasileira
Segundo o especialista, o Brasil adota uma abordagem cautelosa, buscando manter canais de comunicação abertos sem endossar completamente o governo Maduro.
“O Brasil está numa posição delicadíssima e não é muito claro qual estratégia realmente pode ser adotada e que efeito isso pode vir a ter”, afirma Ramos.
A decisão de enviar a embaixadora brasileira em Caracas para a posse, sem representação de alto nível, ilustra essa tentativa de equilíbrio.
O objetivo é manter alguma influência na conjuntura política venezuelana, evitando que potências como Rússia e China tenham mais peso na região.
Oposição enfraquecida e cenário regional
A saída de Edmundo González, candidato da oposição na Venezuela, para a Espanha, é vista como um enfraquecimento do movimento opositor.
Ramos argumenta que González, aos 80 anos, “não é um líder político” e sua decisão é compreensível diante das ameaças do regime.
Quanto à promessa de Maduro de avançar sobre a região da Guiana, o analista considera mais uma narrativa eleitoral do que uma real ameaça.
“A Venezuela não tem condições nesse momento de fazer isso”, afirma e destaca que Maduro está mais interessado em consolidar seu poder e estabilizar a economia nos próximos seis anos.
O cenário político na Venezuela permanece complexo, com implicações significativas para toda a América do Sul.
O Brasil, como maior economia da região, busca uma posição que preserve seus interesses geopolíticos sem comprometer seus princípios democráticos.