Quantidade representa 20% dos trabalhadores do Pogust Goodhead; segundo porta-voz, a empresa precisa “se reposicionar”
O escritório de advocacia Pogust Goodhead, do Reino Unido, vai cortar até 20% de sua equipe, segundo o portal britânico Law Society Gazette. O local é especializado em ações coletivas. É responsável pelo processo movido no país europeu por 620 mil vítimas e 46 prefeituras contra as mineradoras BHP Billiton e Vale por causa do rompimento de uma barragem em Mariana (MG), em 2015.
De acordo com a publicação, os funcionários foram informados nesta semana de que 40 a 50 postos de trabalho serão extintos em Londres –mesma quantidade de pessoas que devem ser demitidas no Brasil. Os cortes devem ser divididos entre operações comerciais e jurídicas.
A empresa prometeu, no início de 2024, que um novo programa de capital poderia permitir que seus advogados ganhassem até 2 milhões de libras (R$ 15,24 milhões), dependendo do resultado de grandes casos.
No entanto, o escritório não tem um fluxo de renda regular durante a duração dos litígios. A expansão da empresa é financiada, segundo o portal, por investimentos e empréstimos comerciais, incluindo do investidor de mercados emergentes Gramercy, sediado nos EUA.
Um porta-voz de Pogust Goodhead disse ao Law Society Gazette que o escritório precisa se “reposicionar” para seguir operacional.
“Embora seja uma decisão incrivelmente difícil, é justo que, à medida que avançamos, posicionemos nossa empresa para fornecer acesso à justiça para clientes, tanto os existentes quanto os futuros. Faremos uma consulta formal com a equipe por meio de um grupo de representantes dos funcionários nas próximas semanas antes de finalizar quantas pessoas serão afetadas [pelas demissões]”, declarou.
“Fomos criados com a meta ambiciosa de fornecer justiça para milhões de pessoas que foram injustiçadas por empresas multinacionais. É bem sabido que essas empresas têm recursos infinitos”, afirmou.
Tom Goodhead, um dos fundadores do escritório, declarou ao portal que muitos réus buscam atrasar os casos pensando que a empresa ficaria sem dinheiro. Segundo ele, não é o caso. “Eu disse à minha equipe que temos de trabalhar mais e de forma mais inteligente”, afirmou.
Em entrevista ao Poder360, em setembro, Goodhead disse que o escritório conduz 7 casos em que brasileiros estão processando multinacionais no exterior. O número representa 23% do total de 30 ações nas quais o Pogust Goodhead trabalha atualmente.
“É a maior porcentagem de ações. Como o caso Mariana é muito grande, provavelmente cerca de metade do trabalho que meu escritório faz é dedicado apenas a ele. Os outros casos, como o da Braskem, são casos grandes também. Mas em termos do trabalho que fazemos, provavelmente cerca de 60% estão relacionados aos casos no Brasil”, declarou.
Na entrevista, o advogado mencionou 6 casos envolvendo as empresas BHP, Tüv Süd, Braskem, Cutrale, Norsk Hydro e Essure. O escritório também está em processos contra a Salic.
No caso de Mariana, as reivindicações de indenizações pelas vítimas no processo em Londres totalizaram 36 bilhões de libras (o equivalente a R$ 267 bilhões). Mas Goodhead disse que, caso haja condenação das empresas, haverá um acordo por valor abaixo disso.
Assista à entrevista (37min57s):
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