O clima nos corredores da Câmara Municipal de São Paulo ainda esvaziada pelo recesso é de apreensão pela entrada de um grupo de vereadores que promete ser mais barulhento nos discursos, após uma primeira sessão já marcada pela troca de gritos de “Lula ladrão” e “anistia não” no plenário.
A maior polarização preocupa parlamentares de diferentes espectros políticos, sobretudo os mais moderados e que já estão na Casa há um tempo. A expectativa é de uma legislatura mais imprevisível do que a última, com mais vereadores independentes da base do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
“A polarização vai aumentar muito e vamos ter muitas brigas no plenário discutindo o que não é relevante. A gritaria não contribui em nada para o que realmente importa, que são os problemas reais da cidade: saúde, educação, segurança”, diz Cris Monteiro (Novo), reeleita para um segundo mandato.
No fim do ano passado, por exemplo, a pauta ficou travada por semanas, sem votação em plenário, por discussões sobre racismo religioso.
O novo grupo de influenciadores considerados mais ruidosos inclui Lucas Pavanato (PL), a cubana Zoe Martínez (PL), o jornalista e ex-BBB Adrilles Jorge (União), a ex-deputada estadual Janaína Paschoal (PP) e o policial militar Sargento Nantes (PP), eleito com a ajuda de Pablo Marçal (PRTB).
Amanda Vettorazzo (União), líder do MBL (Movimento Brasil Livre), também é frequentemente citada entre o grupo, apesar de dizer que quer perder a fama de “briguenta” e prometer ponderação. Eles se unem aos vereadores bolsonaristas já em exercício Sonaira Fernandes (PL) e Rubinho Nunes (União).
Do outro lado estão Luana Alves (PSOL), Amanda Paschoal (PSOL) e Luna Zarattini (PT), que também é vista como de perfil mais combativo. “Esta será uma legislatura mais instável”, prevê ela, que assumiu a cadeira de Eduardo Suplicy em 2023 e agora será líder do partido no lugar de Senival Moura.
Adrilles Jorge não acha que o bate-boca prejudica o debate: “O debate passional não quer dizer um debate de baixa qualidade”, opina. “Você tem uma tirania, uma perseguição [à direita] no país e está expondo isso de maneira visceral e passional. O dever de todo parlamentar, como o próprio nome diz, é ‘parlar’, falar.”
Já Lucas Pavanato afirma que “uma coisa é o barulho do plenário, outra coisa é o fluxo do funcionamento da Casa. As grandes demandas para a cidade funcionar, que vão vir da prefeitura, vão andar”. Segundo ele, as pautas que podem parar a Câmara são as que não sejam unânimes entre essa nova direita que entrou.
Os vereadores voltam a se reunir no dia 4 de fevereiro.
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