A Federação Árabe Palestina (Fepal) afirmou, neste domingo (5), que a embaixada de Israel violou a soberania nacional brasileira e atuou para facilitar a fuga do soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI), Yuval Vagdani. Ele estava em Morro de São Paulo (BA) e foi identificado pela Fundação Hind Rajab (HRF), que atua denunciando crimes contra os palestinos.
A HRF entrou com uma queixa contra o soldado israelense na justiça brasileira, o acusando de crimes de guerra. Segundo a entidade, Yuval Vagdani teria participado da demolição de um bairro residencial na Faixa de Gaza em novembro do ano passado. As casas desse bairro serviriam para abrigar pessoas deslocadas por causa do conflito.
No dia 30 de dezembro, a Justiça Federal determinou uma investigação contra o soldado. Na última sexta-feira (3), a justiça brasileira enviou o material dos autos à Polícia Federal (PF). Ainda que os crimes tenham sido cometidos fora do território nacional, o Estado brasileiro, como signatário de tratados internacionais, a exemplo da Convenção de Genebra e o Estatuto de Roma, possui responsabilidade legal de tomar as medidas judiciais cabíveis em casos como esse.
Um site israelense declarou que ele conseguiu sair do Brasil, mas não informou se o soldado voltou para Israel ou se está em um país vizinho. De acordo com o Times of Israel, citado pelo portal Metrópoles, um amigo de Yuval Vagdani teria recebido um comunicado da embaixada a respeito do pedido de prisão contra ele.
Ualid Rabah, presidente da Fepal, afirma que a embaixada de Israel pode ter facilitado a saída do soldado do país e que esta atuação violaria a soberania nacional brasileira. Para o representante palestino, o governo brasileiro deve chamar “o embaixador israelense para consultas e expulsar a totalidade do corpo diplomático israelense”.
“Achamos que o Brasil também deve investigar a rota de fuga, porque ela pode ter sido por Paraguai e Argentina, dois países que voltam a ser abrigos de criminosos de guerra. E achamos que o Brasil deve levar em consideração a lista divulgada pela HRF, para ter em seus arquivos os nomes, as identidades desses criminosos apontados. Quando eles, por ventura, pisarem o solo brasileiro, imediatamente serem capturados”, declarou o presidente da Fepal.
A federação também classifica como acertada a decisão da Justiça Federal em investigar o soldado israelense, mas sugeriu também que seja feita uma apuração interna para descobrir se houve ação ou omissão de agentes públicos brasileiros na saída do soldado do país.
A reportagem do Brasil de Fato entrou em contato por e-mail com a embaixada de Israel, o Ministério das Relações Exteriores, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Polícia Federal, mas, até o momento, não obteve resposta.
Edição: Martina Medina