Bilionário brincou com a possibilidade de aquisição no X; canal está à venda e é conhecido nos EUA pelo noticiário mais à esquerda
Dono do X (ex-Twitter), da Tesla e da SpaceX, o bilionário Elon Musk passou a aventar nos últimos dias a possibilidade de adquirir o canal de televisão norte-americano MSNBC, um concorrente direto da CNN e da Fox News no noticiário político dos Estados Unidos.
A especulação começou depois que Donald Trump Jr., o filho mais velho do presidente eleito dos EUA, marcou Musk na 6ª feira (22.nov.2024) em uma notícia no X sobre a venda do canal pela gigante de telecomunicações Comcast, controladora da MSNBC e de canais como a CNBC, NBC News, E! Entertainment Television e USA News.
“Quanto custa?”, respondeu o bilionário, repetindo um comentário feito em 2017 ao ser questionado por um usuário se não teria interesse em adquirir o Twitter. Musk levou a questão a sério, comprou a rede em outubro de 2022 por US$ 44 bilhões e a rebatizou de X.
A partir de então, o bilionário virou um usuário ativo –com dezenas de publicações diárias– e reformou a plataforma sob a bandeira do livre discurso, sem censura. Ao levantar as restrições que haviam sido impostas a perfis com discursos considerados extremistas e desinformativos –inclusive o de Trump, expulso da rede depois da invasão ao Capitólio dos EUA, em janeiro de 2021–, virou um ícone da direita global.
Musk teve papel ativo em defesa da campanha do republicano na rede social neste ano. Foi condecorado com uma função simbólica na Casa Branca –será um dos conselheiros do Doge, o Departamento de Eficiência Governamental, voltado à desburocratização do governo e do chamado “deep state”, a parte institucional dos EUA que se mantém apesar da troca de governos.
VENDA DA “MSNBC”
Criada em 1996, a MSNBC é um “canal irmão” da NBC News e da CNBC, todas sob o guarda-chuva da multinacional de mídia NBCUniversal –esta um braço de entretenimento da Comcast. É uma situação similar, por exemplo, aos canais brasileiros GloboNews, Multishow e Rede Globo, todas do Grupo Globo.
Em levantamento de audiência do 3º trimestre, a MSNBC teve um total de 889 mil telespectadores durante o dia e 1,4 milhão no horário-nobre. A Fox News, mais à direita, teve 1,5 milhão e 2,6 milhões de telespectadores, respectivamente.
Tanto a MSNBC quanto a NBC News e a CNBC são canais conhecidos pela orientação progressista (chamada nos Estados Unidos de “liberal”) e anti-Trump em seus noticiários. Programas como o “The Rachel Maddow Show”, no ar desde 2008, são abertamente críticos ao republicano. Há temor de retaliação com a volta de Trump à Casa Branca.
Isso porque o governo dos EUA pode usar o Departamento de Justiça para barrar acordos comerciais e negócios no mundo da mídia. Foi o que aconteceu, por exemplo, quando a AT&T (dona da CNN) tentou comprar a Time Warner, em 2018. Trump fez jogo duro, colocou o governo no meio e melou a fusão.
A ideia da Comcast é separar as redes de TV a cabo no país, em ritmo de queda expressiva de audiência e lucratividade, e focar na plataforma de streaming Peacock (que tem cerca de 36 milhões de assinantes), conforme a Associated Press. Não foram divulgados valores estimados para as vendas.
O executivo Mark Lazarus, que assumiu recentemente o controle da NBC Universal, foi incumbido da missão de concretizar a cisão dos canais e vendê-los a investidores interessados. Não está claro se, depois da separação, esses canais tradicionais na TV dos EUA manterão o nome com a sigla “NBC” no nome.
MEMES PRECEDEM A COMPRA
Bem-humorado em sua rede, Elon Musk aproveitou o hype do tema para brincar sobre a possibilidade.
Na manhã deste domingo (24.nov), publicou um meme com um padre católico orando para não ceder à tentação de uma mulher nua ao seu lado, em referência à compra do canal. “E não nos deixeis cair em tentação…”, postou.
Mais cedo, Musk também repostou um meme de como seria o “The Rachel Maddow Show” sob seu comando. A imagem mostra o “contexto de usuários” adicionado às falas, um recurso da era Musk no X.
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