“Na qualidade de comandante-chefe, ordeno ao alto comando militar que ignore as ordens ilegais que lhes são dadas por aqueles que confiscam o poder e que prepare as minhas condições de segurança para assumir o cargo de presidente da República que me foi confiado pela soberania do povo”, diz Edmundo González num vídeo divulgado nas redes sociais.
Na sua mensagem, o opositor afirma que “os soldados” das Forças Armadas da Venezuela “fazem parte do mesmo povo e a ele devem obediência”.
“Hoje sou o presidente eleito da República Bolivariana da Venezuela, graças à maioria dos votos expressos nas urnas. E ordeno às forças militares e policiais que cessem a repressão”, sublinha.
Às instituições da Venezuela, diz que “para a paz da República, devem repudiar o regime ilegítimo que tentou tomar o poder mais uma vez”.
“A vós e às vossas famílias, ao nobre povo venezuelano, e aos pais e avós que esperam ansiosamente o regresso dos seus filhos e netos que têm a esperança semeada em nós, prometo-vos que não vos falharemos. O nosso pai libertador [Simón Bolívar] incutiu-nos o espírito de luta e de sacrifício pela liberdade. A liberdade vence sempre a tirania e é obra da constância”, explica.
O opositor começa o vídeo afirmando que hoje Nicolás “Maduro violou a Constituição e a vontade soberana do povo venezuelano” expressada nas presidenciais de 28 de julho”.
“Deu um golpe de Estado. Coroou-se a si próprio como ditador. Não está acompanhado pelo povo. Não é acompanhado por nenhum governo que se respeite como democrático. Apenas os ditadores de Cuba, do Congo e da Nicarágua”, afirma.
Sobre o seu regresso a Caracas, explicou que continua “a trabalhar nas condições” para entrar na Venezuela e para “assumir a Presidência da República e o Comando-Chefe das Forças Armadas, tal como ordena a Constituição e o povo”.
“Represento a vontade de quase oito milhões de venezuelanos na pátria e a de milhões de compatriotas que foram impedidos de votar no estrangeiro. E tenho o dever de defender esse compromisso”, explica.
González afirma ainda que “a decisão [do regime] de fechar as fronteiras do país e de ‘artilhar’ [armar] os aviões militares que guardam o espaço aéreo tinha como objetivo” fazer com ele o que foi feito a Maria Corina Machado, que foi violentamente intercetada após uma manifestação em Caracas, deixando como saldo “um homem inocente, ferido”.
“Isso só demonstra a sua cobardia e falta de escrúpulos, mas em breve, muito em breve, mesmo que façam o que fizerem, conseguiremos entrar na Venezuela e acabaremos com esta tragédia (…) Estou muito perto da Venezuela. Estou pronto para entrar em segurança. No momento certo farei valer os votos que representam a recuperação da nossa democracia”, sublinha.
No vídeo o líder opositor expressa ainda a sua gratidão aos governos que o reconheceram como presidente eleito.
“E, aos que não o fizeram, recordo-lhes que, nesta hora grave da luta pela liberdade, não há lugar para a neutralidade”, afirma.
Nicolás Maduro, atual presidente, tomou hoje posse para um terceiro mandato de seis anos, apesar de a oposição reivindicar vitória nas eleições presidenciais de julho e após protestos no país sul-americano e no estrangeiro contra a repressão exercida pelo seu governo.
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