dúvida fiscal que gerava “elevada incerteza“ passa a ser só “incerteza“


O Banco Central fez um leve aceno ao reconhecer que houve mudança no cenário e novos fatos surgiram no radar nas últimas semanas. A dúvida sobre a nova regra fiscal, por exemplo, deixou de gerar “elevada incerteza” e passou a resultar em, apenas, “incerteza”.

Mesmo com a mudança, o BC ainda vê dúvidas à frente e preferiu seguir o livro-texto da política monetária e manteve o juro em 13,75%. O Comitê de Política Monetária fez mudanças pontuais no documento divulgado há pouco em que reconhece que o quadro fiscal teve alguma evolução positiva.

Na reunião anterior, em 1º de fevereiro, o documento citava que um dos fatores de risco à inflação era “a ainda elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal”. Hoje, o texto mostra que a dúvida permanece, mas o Copom optou por retirar o adjetivo usado para se referir a algo grande, superior.

Em outro trecho do documento, os diretores do BC reconhecem que “a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo”. Ou seja, a volta da cobrança dos impostos federais vai contribuir positivamente para o resultado das contas públicas.

O BC também reconhece que o quadro internacional piorou. Logo na abertura do documento, o comunicado cita que “desde a reunião anterior, o ambiente externo se deteriorou”.

Mais que isso, o texto menciona diretamente a crise bancária. “Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento”.

Apesar desse aceno sobre o quadro fiscal e ambiente externo, o documento deixa clara a preocupação da autoridade monetária com a inflação. As projeções para a inflação em 2023 subiram de 5,6% para 5,8% desde a reunião no início de fevereiro.

Para 2024, a expectativa também aumentou de 3,4% para 3,6%. Nas últimas reuniões, o BC tem optado por usar uma referência diferente do ano-calendário. Mesmo nesse cenário, o quadro para a inflação piorou. A expectativa de inflação em 12 meses no horizonte de seis trimestres à frente subiu de 3,6% para 3,8%.



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