O dólar emendou o segundo pregão consecutivo de valorização no mercado doméstico e encerrou a sessão desta sexta-feira (13), em alta de 0,40%, cotado a R$ 6,0313. Além do sinal predominante de alta da moeda americana no exterior e do avanço das taxas dos Treasuries, o que costuma castigar divisas emergentes, o real sofreu novamente com ajustes de prêmios de risco relacionados às incertezas fiscais em meio à tramitação das medidas de contenção de gastos no Congresso.
A valorização do dólar poderia até ter sido mais expressiva, não fosse uma intervenção do Banco Central com leilão de venda de moeda à vista, que levou a divisa a perder fôlego e se afastar dos níveis vistos no início da tarde, quando renovou sucessivas máximas até atingir R$ 6,0776. O arrefecimento do ímpeto altista também permitiu que a divisa encerrasse a semana em queda de 0,65%.
Hoje à tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez sua primeira aparição após ter realizado dois procedimentos para tratar de sangramentos intracranianos. Em vídeo nas redes sociais, ele aparece andando pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e afirma que “em breve” estará pronto para voltar ao trabalho.
A ausência de Lula em Brasília aumentou as incertezas em torno do andamento do pacote fiscal no Congresso, em momento no qual há pressão de parlamentares para alterações nas medidas propostas, o que pode resultar em economia menor que a esperada pelo governo. A perspectiva é que as medidas sejam apreciadas no plenário da Câmara dos Deputados na próxima semana. Ontem à noite, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou estar otimista com a aprovação do pacote de ajuste fiscal do governo antes do recesso parlamentar. Segundo ele, é “plenamente possível” analisar todas as propostas até a próxima sexta-feira, 20, incluindo as leis orçamentárias.
Depois de vender ontem US$ 4 bilhões em dois leilões de linha com compromisso de recompra, o Banco Central realizou hoje leilão de venda de dólares à vista, a primeira operação do gênero desde 30 de agosto. Foram absorvidos pelo mercado US$ 845 milhões. Nove propostas foram aceitas no leilão (lote mínimo de US$ 1 milhão), com taxa de corte de R$ 6,0200.
Em falas recentes, o diretor de Política Monetária e futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, reiterou que a autoridade monetária atua no mercado cambial em caso de “disfuncionalidade” e que não mira em um nível específico de taxa de câmbio.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira