Ministro da Fazenda minimizou a importância de pacote de corte de gastos, o que provoca reação negativa dos investidores
O dólar comercial se aproximou de R$ 5,80 nesta 5ª feira (31.out.2024) depois de falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que minimizam a importância do pacote de revisão de gastos públicos. Às 11h08, a moeda tinha alta de 0,33%, negociada a R$ 5,78.
O ministro ficou incomodado com perguntas sobre quando seria o anúncio das medidas, que são esperadas pelos agentes econômicos para equilibrar as contas públicas. A expectativa era que fossem apresentadas depois das eleições municipais de domingo, mas Haddad disse na 3ª feira (29.out) que não há prazo.
As projeções dos analistas financeiros indicam que, pelo cenário atual, o governo Luiz Inácio Lula da Silva(PT) não cumprirá as metas fiscais que se comprometeu de 2024 a 2027. Haddad disse, ao sair de evento em Brasília, que as perguntas dos profissionais de imprensa sobre o conjunto de medidas que revisão os gastos são “forçação boba”.
Investidores também reagem aos dados de desemprego, divulgados nesta 5ª feira (31.out.2024) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa de desocupação caiu para 6,4% no 3º trimestre, o 2º menor nível da série histórica, iniciada em 2012.
Analistas avaliam que o impacto do mercado de trabalho na demanda deve pressionar a inflação, o que pediria um aperto monetário mais forte do BC (Banco Central). A taxa básica, a Selic, está em 10,75% ao ano, com trajetória de alta.
Agentes financeiros aumentaram para 4,55% a projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano, patamar que está acima do teto da meta de inflação. A meta é de 3%, mas o intervalo permitido é de até 4,5%.
CONTAS PÚBLICAS
Segundo o Boletim Focus, as projeções dos analistas do mercado financeiro indicam deficits de 0,6% do PIB em 2024, de 0,7% do PIB em 2025, de 0,5% do PIB em 2026 e de 0,3% do PIB em 2027. As metas de superavit primário são de 0% em 2024, de 0% em 2025, de 0,25% em 2026, e de 0,5% em 2027.
Em valores, o Prisma Fiscal mostrou em outubro que as estimativas dos agentes financeiros são de deficits primários de R$ 63,8 bilhões em 2024 e de R$ 88,4 bilhões em 2025.
Os rombos consecutivos nas contas públicas aumentaram o endividamento do país, que atingiu 78,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em agosto, acima de países emergentes. A dívida bruta subiu 4,1 pontos percentuais em 2024 e 6,9 pontos percentuais no governo Lula.
De janeiro a agosto, o Tesouro Nacional registrou um deficit de quase R$ 100 bilhões nas contas públicas.