O dólar operava em alta nos primeiros negócios desta sexta-feira (24), em meio ao retorno da aversão a risco no exterior e a escalada de tensões entre o governo federal e o Banco Central (BC).
Por volta das 9h58 (horário de Brasília), a moeda norte-americana superava o patamar de R$ 5,30, avançando 0,76%, aos R$ 5,330.
Ainda que já esperada, a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à decisão do BC em manter a taxa de juros em 13,75% a.a., em reunião na última quarta-feira (22), desencadeou um “efeito bumerangue” nos mercados na quinta-feira.
“Quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado que o indicou. Ele não foi eleito pelo povo, não foi indicado pelo presidente, ele foi indicado pelo Senado”, afirmou Lula em evento no Rio de Janeiro, acrescentando que “quando tinha [Henrique] Meirelles”, ele falava com o então presidente do BC.
“Se esse cidadão quiser, nem precisa conversar comigo. Ele só tem que cumprir a lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central. Ele tem que cuidar da política monetária, do emprego, da inflação e da renda do povo. É isso que está na lei.”
Na sequência, o presidente ainda descreditou o plano de integrantes do PCC para realizar ataques contra servidores públicos, que tinha o ex-juiz e atual senador Sergio Moro como um dos alvos.
O mercado ainda acompanha o resultado do IPCA-15, considerado uma “prévia da inflação”. O indicador do IBGE desacelerou a 0,69% em março, impactado, principalmente, pela reoneração dos tributos federais sobre os combustíveis, que puxaram o grupo de Transportes para cima.
O cenário global também pesava na aversão a riscos dos investidores, com a turbulência do setor bancário ainda se fazendo presente.
O fato de vários bancos centrais de países desenvolvidos terem subido os juros nos últimos dias, mesmo diante dos riscos financeiros, colaborava para a cautela, disse a XP Investimentos em nota matinal, citando ainda decepção do mercado com leituras de PMIs na Europa.
Na véspera, o dólar negociado no mercado interbancário subiu 1,02%, a R$ 5,289 na venda.
O Banco Central fará neste pregão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de maio de 2023.
*Publicado por Tamara Nassif. Com informações da Reuters.
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