Ministro da Fazenda afirma ser necessário “mirar a sustentabilidade das contas” e que desafio vai “além da questão ideológica”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 6ª feira (20.dez.2024) ser necessário “mirar a sustentabilidade das contas” e que desafio vai “além da questão ideológica”. O chefe da equipe econômica falou sobre o tema ao ser perguntado sobre votos contrários de congressistas de esquerda ao pacote fiscal.
Haddad afirmou que esse discurso “desagrada a esquerda e a direita”. A declaração foi dada durante café com jornalistas. O Poder360 foi convidado e participou do evento.
“Não vou comentar voto a voto. Estou feliz que nós aprovamos. Está tudo bem. As pessoas se colocam. Não posso impedir que as pessoas se coloquem […] O que nós fazemos é explicar a necessidade, conforme eu disse.Às vezes, quando é para cortar benefício fiscal, a pessoa vota. E às vezes, quando é para regularizar a contenção, o aumento da despesa, a pessoa não vota”, disse.
De acordo com Haddad, há resistência dos 2 espectros políticos em relação ao equilíbrio fiscal. “A direita não quer pagar os impostos que deve e a esquerda não quer conter gastos. Como é que fecha as contas? […] Porque depois acontece um desarranjo. Às vezes as pessoas falam: ‘Poxa, mas olha só o que nós estamos vivendo. O que é que está acontecendo?’ O que está acontecendo é que não estou prestando atenção nas minhas contas públicas. Não é uma coisa que você possa desviar a atenção”, disse.
O titular da Fazenda também defendeu a necessidade de uma revisão de gastos “permanente”.
“Acredito que o Executivo, em qualquer esfera de governo. seja uma prefeitura, seja um Estado, tem que ter como prática a revisão de gastos. (13:42) Isso não pode ser uma coisa assim: ‘Ah, agora nós vamos começar a fazer isso. Isso tem que ser uma rotina […]. Não deveria ser algo extraordinário ou surpreendente”, disse.
IMPACTO
Ao detalhar o pacote fiscal em 28 de novembro, o impacto estimado inicialmente pela equipe econômica foi de R$ 71,9 bilhões para 2025 e 2026. A projeção para os próximos 6 anos é de R$ 327 bilhões.
Nesta 6ª feira (20.dez), Haddad disse que o impacto do pacote fiscal “é de R$ 1 bilhão a menos” nos próximos 2 anos. Com isso, a economia das medidas passaria de R$ 71,9 bilhões para R$ 70,9 bilhões em 2025 e 2026, depois de mudanças e aprovação no Congresso Nacional.
Economistas e analistas do mercado financeiro consideram as medidas insuficientes para o equilíbrio das contas públicas.
“Ou eu mandava agora para aprovar uma 1ª leva de ajustes, ou eu ia deixar um pacote mais robusto para o ano que vem. O que ia gerar mais incerteza, pelo menos. ‘Não, eu não vou mandar agora porque não está robusto o suficiente. Ia ser um banho de água fria’“, declarou Haddad.
O ministro também disse não ser “simples” cortas gastos e rebateu falas sobre desidratação das medidas.
“Fala-se em desidratação. Na verdade, esperava-se uma hidratação. E não houve hidratação”, declarou.