Dino diz que Lei da Anistia não vale para ocultação de cadáver


Decisão do ministro do STF sobre caso da época do regime militar classifica este tipo de crime como permanente enquanto os corpos das vítimas não forem encontrados

Gustavo Moreno/STFFlávio Dino
Flávio Dino fez referência ao filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” em sua decisão

O ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), emitiu uma decisão que pode transformar a abordagem jurídica sobre crimes de ocultação de cadáveres cometidos durante a ditadura militar no Brasil. Dino argumentou que a Lei da Anistia não se aplica a esses casos, classificando-os como crimes permanentes enquanto os corpos das vítimas não forem encontrados. Esta decisão foi proferida no contexto de um recurso extraordinário que envolve os ex-militares Sebastião Curió Rodrigues de Moura, conhecido como Major Curió, e o tenente-coronel Lício Augusto Ribeiro Maciel, ambos acusados de participação na repressão à Guerrilha do Araguaia na década de 1970.

A denúncia contra os ex-militares havia sido rejeitada em instâncias inferiores, mas chegou ao STF após recurso da defesa. Dino enfatizou que, embora a Lei da Anistia de 1979 tenha extinguido crimes cometidos antes de sua promulgação, a ocultação de cadáveres é uma situação que se prolonga no tempo. Este prolongamento impediria que as famílias das vítimas vivam o luto por seus entes desaparecidos, mantendo o crime em um estado de continuidade. Em 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil, exigindo investigações e punições mais severas para desaparecimentos forçados durante o regime militar.

A decisão do ministro também fez referência ao filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, que aborda o desaparecimento do deputado Rubens Paiva durante a ditadura. Este filme serve como um lembrete cultural e histórico da dor e da busca por justiça que muitas famílias ainda enfrentam. Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade reconheceu 434 mortes e desaparecimentos de vítimas do período ditatorial, das quais 216 permanecem desaparecidas.

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Com a repercussão da decisão, o Supremo Tribunal Federal deverá decidir se crimes permanentes como a ocultação de cadáveres devem ser anistiados. Esta decisão tem o potencial de impactar processos semelhantes em todo o país, podendo abrir precedentes para novas investigações e julgamentos.

*Com informações de Aline Becketty

*Reportagem produzida com auxílio de IA





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