Alexandre de Moraes rebate que perdeu o posto com uma decisão do ministro depois de anos tentando ser “o pior” do Supremo
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino brincou na 5ª feira (12.dez.2024) sobre as críticas que recebeu após as decisões que interferiram nas emendas do Congresso. Afirmou ter lido que ocupou o posto de Alexandre de Moraes como o ministro “mais odiado” da Corte depois das determinações –contudo, disse não querer competir na questão.
“Ontem saiu a seguinte matéria: ‘Em face da decisão sobre emendas, Flávio Dino conseguiu ser mais odiado que Alexandre de Moraes’. Eu queria dizer que isso é um desrespeito porque o mais antigo é ele e a primazia é dele. Eu não abro mão disso. Posso ficar em 2º, 3º lugar. Não faço questão desse campeonato”, disse.
Moraes rebateu dizendo que esteve há anos tentando ser “o pior” ministro e, com só uma decisão, perdeu o posto: “Anos tentando ser o pior e você, com uma decisão, o Congresso te despreza”.
A fala de Dino arrancou gargalhadas da plateia que assistia ao seminário na 6ª edição do “STF em Ação”, um evento do Ieja (Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados), em Brasília.
Antes da interação com Moraes, Flávio Dino interagiu com o público. Disse que agradece ao evento pela coragem de convidar ambos os ministros “mais odiados” para discursar e declarou: “Tranquilizo a todos, ninguém corre perigo, [não] físico”.
Assista (1min 53s):
ENTENDA
Na 2ª feira (9.dez), Dino manteve regras mais duras para a liberação de emendas de deputados e senadores. A decisão se deu em um momento decisivo para o governo, que tenta emplacar seu pacote de corte de gastos no Congresso.
A administração petista articulou com o Congresso uma portaria com uma “pedalada jurídica” para viabilizar o pagamento das emendas ainda neste ano. Foi publicada na 3ª feira (10.dez.2024).
Na semana passada, deputados aprovaram os requerimentos para acelerar a tramitação dos principais projetos. O placar foi apertado.
Há uma expectativa para que as propostas sejam submetidas à votação nesta semana. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), falou, no entanto, que o governo não tinha o apoio necessário para aprovação.
Há também contra o Palácio do Planalto o fator tempo: o recesso dos congressistas começa em 23 de dezembro.
Isso significa que o governo tem mais duas semanas para aprovar as medidas, tudo em um cenário de insatisfação aberta com as emendas recentemente liberadas.
A liberação se deu na 2ª feira (2.dez.2024), pelo próprio ministro Flávio Dino, o qual as manteve suspensas desde agosto. A suspensão se deu por falta de transparência e rastreabilidade dos repasses.