Em artigo especial para o site da Jovem Pan, economista Thauan Santos destaca que água limpa e potável é um direito humano garantido desde 2010 e um dos objetivos a serem alcançados pela Agenda 2030
De acordo com dados recentes de diferentes agências da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 2,2 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços seguros de água potável ou saneamento; cerca de 300 mil crianças menores de cinco anos morrem anualmente de doenças relacionadas à ausência desse acesso; aproximadamente 2 bilhões de pessoas vivem em países com alto estresse hídrico; 90% dos desastres naturais são relacionados ao clima, incluindo enchentes e secas; cerca de dois terços dos rios transfronteiriços do mundo não têm uma estrutura de gestão cooperativa; e a agricultura é responsável por 70% do uso global de água. Tais valores chamam a atenção e evidenciam o papel estratégico da água nos mais diferentes temas da agenda global, como saúde pública, segurança alimentar, meio ambiente, mudança climática, desastres naturais, conflitos regionais e cooperação internacional.
Dessa maneira, e sendo instituído em 22 de março de 1992 pela ONU, o Dia Mundial da Água visa conscientizar a população global sobre a necessidade de preservação deste recurso, dada sua relevância para a vida dos ecossistemas do planeta. Ainda na mesma data, a ONU lançou a Declaração Universal dos Direitos da Água. A propósito, cabe mencionar que “água limpa e potável” é um direito humano garantido desde 2010, pela ONU, que inclusive colocou o tema como um dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS 6) a serem alcançados pela Agenda 2030. Apesar da expectativa de se alcançar as metas e os objetivos até 2030, a própria organização destaca que estamos “fora dos trilhos”, uma vez que bilhões de pessoas ainda não têm seu direito de acesso à água e ao saneamento garantido.
Entre 22 e 24 de março de 2023, ocorrerá a Conferência da Água da ONU, em Nova York (Estados Unidos), uma ocasião única que unirá o mundo em torno da busca por soluções da crise global da água e do saneamento. Como principal resultado da conferência, haverá o lançamento da Agenda de Ação da Água, que inclui compromissos de governos nacionais e as partes interessadas de todos os níveis da sociedade. Além disso, será lançada a nova edição do relatório sobre o Desenvolvimento Mundial da Água das Nações Unidas de 2023. Ele descreverá como a construção de parcerias e o aumento da cooperação em todas as dimensões do desenvolvimento sustentável são essenciais para acelerar o progresso em direção ao ODS 6 e a garantia dos direitos humanos à água e ao saneamento. De acordo com o relatório, a gestão da água do mundo é um grande e complexo quebra-cabeças e somente através de parcerias e cooperação é que todas as peças poderão se unir. De acordo com a UN-Water, que coordena o trabalho da ONU sobre água e saneamento, entre as três ações mais populares na América Latina estão: economizar água, reduzir a poluição e proteger a natureza. Portanto, você, sua família, escolas, comunidades, governos, empresas, organizações, instituições e coalizões podem fazer toda a diferença mudando a maneira como usa, consome e administra a água em suas vidas. Somente dessa maneira daremos, cada um de nós, de modo consciente, engajado e responsável, a devida urgência à relevância desta data.
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*Thauan Santos é professor doutor do programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos da Escola de Guerra Naval (PPGEM/EGN) e coordenador do Grupo Economia do Mar (GEM). É economista (UFRJ) e pós-doutorando em Economia Azul (Middlebury Institute of International Studies, na Califórnia, nos EUA).
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.