O Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou nesta quarta-feira (8) que o procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, pretende divulgar o relatório do promotor especial Jack Smith sobre o processo contra Donald Trump por tentativa de alterar os resultados das eleições de 2020.
O relatório ao qual o Departamento de Justiça refere-se é um documento preparado por Smith sobre o caso penal federal antes de abandoná-lo, quando o republicano venceu as eleições presidenciais de novembro. O promotor abandonou os casos aludindo a uma política do Departamento de Justiça de não acusar nem processar um presidente em exercício.
Contudo, Garland não tornará público o outro relatório de Smith sobre Trump, que inclui as denúncias por levar consigo documentos confidenciais após deixar a Casa Branca. O processo foi arquivado em 2024 pela juíza Aileen Cannon, mas ainda há acusações pendentes contra duas pessoas relacionadas a Trump.
Em uma decisão emitida na última terça-feira (7), Cannon, nomeada por Trump durante seu primeiro mandato (2017-2021), proibiu Smith e Garland de “divulgar, compartilhar ou transmitir o relatório final” até que um tribunal de apelações ouça os argumentos do ex-ajudante de Trump e de um funcionário de Mar-a-Lago.
Por sua vez, o Departamento de Justiça pediu nesta quarta ao tribunal de apelações que anule a decisão de Cannon, mas esclareceu que Garland, para evitar prejuízo aos acusados, não tem a intenção de divulgar publicamente o relatório sobre o caso dos documentos, apenas o de falsificação dos resultados eleitorais.
Também na terça-feira, Trump atacou Smith em uma entrevista coletiva, chamando-o de “indivíduo transtornado”.
“Por que ele deveria ter permissão para redigir um relatório falso?”, disse o presidente eleito. “Será um relatório falso assim como a investigação foi uma investigação falsa”, acrescentou.
Os advogados de Trump pediram a Garland a não divulgação dos relatórios porque consideram isso “ilegal”, de “má-fé” e contrário ao “interesse público”.
Processos contra Trump
O presidente eleito Trump, que assumirá a Casa Branca no próximo 20 de janeiro, foi acusado por Smith de conspirar para alterar os resultados das eleições de 2020 que perdeu para Joe Biden e de esconder documentos classificados em sua residência de Mar-a-Lago, na Flórida.
Além disso, Trump enfrenta dois casos em âmbito estadual, um em Nova York e outro na Geórgia.
No primeiro, foi condenado por falsificação de registros comerciais para ocultar um pagamento a uma ex-atriz pornô às vésperas das eleições de 2016. Está previsto que a sentença seja anunciada nesta sexta-feira, mas o juiz Juan Merchan já adiantou que não está inclinado a impor uma pena de prisão.
Trump, por sua vez, recorreu à Suprema Corte nesta quarta para tentar bloquear a sentença.
Na Geórgia, ele é acusado de tentar alterar os resultados das eleições de 2020, mas o caso provavelmente ficará congelado enquanto ele estiver no cargo.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito