Uruguai e Argentina disputaram a finalíssima da primeira edição, em Montevidéu, em 1930
Em 2025, a Copa vai completar 95 anos de história. A Fifa foi fundada em 1904 e, desde o início, os dirigentes já pensavam em organizar um Mundial com seleções nacionais. Foi na presidência de Jules Rimet, o terceiro a comandar a entidade, que o torneio saiu do papel, graças ao esforço e empenho do cartola francês.
A Europa ainda estava abalada pela crise econômica de 1929. Nenhum país do continente se interessou em sediar a Copa. O Uruguai, campeão olímpico em 1924, em Paris, e em 1928, em Amsterdã, tinha disposição e foi o escolhido. A ideia era contar com 16 seleções, mas apenas 13 equipes participaram do Mundial. Da Europa, França, Bélgica, Romênia e Iugoslávia compareceram; Itália, Alemanha, Áustria, Hungria, Suíça e Inglaterra foram ausências sentidas. Os ingleses, inventores do futebol moderno em 1863, consideravam o campeonato interno mais importante do que a Copa. Além dos quatro times europeus e da seleção da casa, o Mundial contou com Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia, México, Estados Unidos, Chile e Peru.
No dia 30 de julho de 1930, Uruguai e Argentina decidiram a primeira Copa da história. As duas seleções tinham disputado a final olímpica de 1928, em Amsterdã. A Celeste havia vencido por 2 a 1. E agora?
Os torcedores argentinos cruzaram o Rio da Prata para assistir à finalíssima. Os uruguaios colocaram apenas 10 mil ingressos à disposição da AFA (Federação Argentina de Futebol), mas uma estimativa indica que 30 mil argentinos foram para Montevidéu. O Centenário estava lotado: 90 mil torcedores. O árbitro John Langenus, da Bélgica, solicitou reforço especial de segurança. Como não havia padronização das bolas, o juiz decidiu usar uma bola argentina no primeiro tempo e outra uruguaia na etapa final. O Uruguai saiu na frente com gol de Pablo Dorado aos 12 minutos. A Argentina empatou com Peucelle aos 20 minutos e virou o jogo com o artilheiro Stábile aos 37. Aos 12 do segundo tempo, Cea empatou o duelo. Iriarte marcou o terceiro dos uruguaios aos 23 minutos. Para desespero dos argentinos, Castro fechou o placar aos 44 minutos.
Os bicampeões olímpicos (1924-1928) eram os primeiros vencedores da Copa do Mundo. O presidente da Fifa, Jules Rimet, e o presidente do Uruguai, Juan Campisteguy, entregaram a taça ao capitão Nasazzi. A estatueta, que só mais tarde levaria o nome de Jules Rimet, tinha sido confeccionada por um francês: Abel Lafleur. O Uruguai estava em festa. As sirenes dos navios eram ouvidas em toda Montevidéu.
A Folha da Manhã, de 31 de julho de 1930, estampava na capa do caderno de esportes: “Uruguayos, os campeões do mundo! A supremacia dos jogadores ‘orientaes’ no futebol mundial – o sensacional jogo de ‘hontem’ no estádio ‘Centenário’ – a linha média argentina falhou.” A reportagem narrava os momentos finais da partida: o delírio do público nas arquibancadas populares e nos lugares de destaque, chega então ao auge, enquanto Castro, autor do gol que encerrou a contagem e garantiu a vitória.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.