China anuncia retomada de importações de carne bovina do Brasil


Exportações estavam suspensas desde fevereiro após caso do “mal da vaca louca”, confirmado depois como atípico

A China anunciou nesta 5ª feira (23.mar.2023) que retomará as importações de carne bovina brasileira. O comunicado foi publicado no site em chinês da Administração-Geral de Aduanas da China (GACC na sigla em inglês), depois da reunião com o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro.

A exportação de carne bovina brasileira para o país asiático estava suspensa desde 22 de fevereiro. A decisão havia sido tomada pelo governo Lula depois da confirmação de um caso do “mal da vaca louca” registrado no Pará –confirmado depois  como sendo atípico.

“Com base na ciência, regras e avaliação sistemática, a China concorda em retomar a exportação de carne bovina brasileira desossada com menos de 30 meses. Solicita-se ao Brasil que cumpra com seriedade as responsabilidades da supervisão governamental e das entidades empresariais para garantir o desenvolvimento seguro e sustentável”, diz trecho do anúncio.

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GACC/Gao Liqiang

Imagem da reunião entre a comitiva brasileira (à dir.) liderada pelo ministro Carlos Fávaro e a China (à esq.)

O fim do embargo acontece 3 dias da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país asiático.

Lula desembarca na China no próximo domingo (26.mar.2023). Irá acompanhado por 3 comitivas: a do governo, a de congressistas e a de empresários. A reunião com seu homólogo chinês, Xi Jinping, está marcada para 28 de março.

Fávaro embarcou antes da comitiva do governo, na última 2ª feira (20.mar). Ele foi acompanhado de 88 empresários do setor do agronegócio, incluindo os irmãos Joesley e Wesley Batista, executivos das empresas do grupo J&F –controlador da JBS.

Um dos pontos principais da visita será investimentos em economia verde. Temas como agricultura de baixo carbono, mobilidade elétrica, mercado de carbono, finanças verdes e transmissão de energia deverão estar em pauta, segundo a diretora-executiva do CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China), Claudia Trevisan.

O governo brasileiro também acha possível atrair investimentos chineses em infraestrutura. O país asiático tem colocado dinheiro no setor em diversos lugares do mundo.

SUSPENSÃO

Em 23 de fevereiro, o Ministério da Agricultura e Pecuária suspendeu voluntariamente as exportações para a China, pouco depois de a Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará) confirmar um caso positivo para a EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina). A doença é popularmente chamada de mal da vaca louca.

A interrupção é uma medida padrão, em cumprimento a um protocolo sanitário bilateral entre Brasil e China. A exportação também foi suspensa temporariamente para a Tailândia, Irã, Jordânia e Rússia.

Segundo nota divulgada pelo ministério na noite de 5ª feira (2.mar), a Organização Mundial de Saúde Animal confirmou que o caso no Pará é atípico. Isso significa que a doença surgiu espontaneamente na natureza e não tem risco de disseminação nos rebanhos e em humanos.

No comunicado, o governo também informou que marcará uma reunião virtual com a China para tratar da retirada do embargo sobre a exportação da carne bovina ao país.

A contaminação pelo “mal da vaca louca” foi comunicada pela Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará) no último dia 22. Segundo a agência, a infecção foi identificada em 1 boi de 9 anos, de uma pequena propriedade no sudoeste de Marabá (PA), com 160 cabeças de gado. A fazenda foi inspecionada e isolada. O animal contaminado foi enviado para análise em um laboratório em Alberta, no Canadá.

A última vez que o Brasil registrou casos de “mal da vaca louca” foi em setembro de 2021: em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG). Esse é o 6º caso em mais de 23 anos de vigilância para a doença.

MAL DA VACA LOUCA

A Encefalopatia Espongiforme Bovina, popularmente conhecida como “mal da vaca louca”, afeta o sistema nervoso dos bovinos. A condição causa uma alteração no comportamento do gado, razão do nome “vaca louca”. Existem duas formas da enfermidade: a típica ou clássica e a atípica.

Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, a doença é considerada atípica “quando é originada dentro do próprio organismo do bovino, se dá de maneira espontânea e esporádica, e não está relacionada à ingestão de alimentos contaminados”.

A forma clássica é transmitida por meio do alimento, o que pode causar a contaminação de mais animais do rebanho.

No caso típico, a transmissão entre animais se dá pela ingestão de farinhas de carne e ossos, tecidos nervosos, dejetos de suínos ou qualquer outro tipo de alimento que contenha proteínas de origem animal em sua composição.

Já no homem, a transmissão se dá pela ingestão de carne contaminada ou por transfusão de sangue contaminado.

Os prejuízos da doença em sua forma clássica são a morte dos animais, o risco de transmissão ao homem e uma possível suspensão das exportações de carne do Brasil.

É crime federal alimentar ruminantes (bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos) com cama-de-aviário (também conhecida como cama-de-frango) ou com resíduos da exploração de outros animais. Estes itens podem conter restos de ração, que podem contaminar o rebanho.





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