Uma mulher que foi levada a casar-se para o que julgava ser uma estratégia do namorado para aumentar a sua presença na rede social Instagram anulou o matrimónio, depois de se ter apercebido de que a cerimónia era, na verdade, real. Ainda assim, a jovem só soube que o casamento era genuíno dois meses depois, quando o parceiro tentou usá-lo para obter residência permanente na Austrália.
A sentença foi publicada na quinta-feira, depois de, em outubro de 2024, um juiz de Melbourne ter decidido a favor da mulher, que considerou ter sido enganada, noticiou a BBC News.
A trama começou em setembro de 2023, quando o casal se conheceu numa aplicação de encontros. Em dezembro do mesmo ano, o homem pediu a mulher em casamento e recebeu um ‘sim’.
Dois dias depois, o casal foi a um evento em Sydney, que a mulher julgava ser uma ‘festa branca’. Contudo, quando chegaram, apenas a jovem envergava um vestido branco.
“Quando lá cheguei e não vi ninguém de branco, perguntei-lhe: ‘O que se passa?’ Ele chamou-me à parte e disse-me que estava a organizar uma partida de casamento para as suas redes sociais, mais precisamente para o Instagram, porque queria aumentar [a sua presença online] e começar a rentabilizar a sua página no Instagram”, recordou.
Uma vez que o homem era “uma pessoa das redes sociais” e contava com mais de 17 mil seguidores, a jovem aceitou a explicação. Além disso, acreditava que um casamento civil só seria válido se fosse realizado num tribunal. Uma amiga disse-lhe, inclusivamente, que o matrimónio só seria genuíno mediante a apresentação de uma notificação de intenção de casamento, o que não aconteceu – julgava ela. Tranquila, a mulher alinhou, por isso, na brincadeira.
Dois meses depois, o homem pediu-lhe que o incluísse como dependente no seu pedido de residência permanente na Austrália. Quando lhe disse que não podia, já que não eram casados, o parceiro confessou que a cerimónia tinha sido real. De facto, a mulher encontrou a certidão de casamento e descobriu que uma notificação de intenção de casamento tinha sido apresentada no mês anterior à viagem a Sydney – antes mesmo de ficarem noivos – que garantiu não ter assinado. Também o tribunal considerou que a assinatura no documento não se parecia com a sua.
“Estou furiosa com o facto de não saber que se tratava de um casamento real, com o facto de ele ter mentido desde o início e com o facto de também querer que o incluísse no pedido de residência”, disse.
Durante o depoimento, o homem indicou que “ambos tinham concordado com estas circunstâncias” e que, após o pedido de casamento, a mulher tinha concordado em casar numa “cerimónia íntima” em Sydney.
Apesar disso, o juiz decidiu que a mulher foi “enganada quanto à natureza da cerimónia realizada” e “não deu o seu consentimento real para a sua participação” no matrimónio.
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