O assunto é chato, por repetitivo, e deveria estar resolvido aqui desde o século passado. O dito país do futebol é o único do primeiro mundo do Planeta Bola que não tem uma liga de clubes para gerenciar seu campeonato nacional.
Já teve, como se sabe, o que poderia ter sido uma liga poderosa, o Clube dos 13, mas interesses menores de dois cartolas e um executivo dinamitaram o que nasceu em 1987, cinco anos antes da Premier League, e foi assassinado em 2011, numa parceria sombria entre Andrés Sanchez, então presidente do Corinthians, e os compadres Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e Marcelo Campos Pinto, ex-executivo da Globo Esporte. O Fifagate mostrou depois outros maus feitos do compadrio.
Verdade que o Clube dos 13 nunca realizou o que era seu intento, limitando-se a desempenhar o papel de agência para negociar direitos de TV. Exatamente quando estava perto de cumprir o papel que o originou, morreu.
Doze anos se passaram para que a ideia da liga ressuscitasse, na esteira das novas plataformas e do enfraquecimento progressivo de nossos clubes, a maioria em estado falimentar —alguns se constituindo em SAFs, para tentar se safar de situação deplorável ou por entenderem ser a melhor solução.
Nem as SAFs, nem mesmo a liga, são panaceias, embora sejam meios para estabelecer as condições mínimas de concorrência.
A falta de compreensão dos clubes mais populares tem impedido a formação de uma única liga, incapazes de entender que ou se monta uma entidade em que todos possam crescer ou teremos a monstruosidade de duas ligas, a Libra e a Liga Forte.
A Libra aglutina os cinco clubes de maior torcida, entre outros, e a Forte os que lutam por divisão mais equânime do bolo.
A Libra garante ter a parceria da Mubadala Capital, com o BTG como intermediário, e oferta de R$ 4,8 bilhões.
A Mubadala é a mesma empresa dos Emirados Árabes que comprou refinaria na Bahia pela metade do preço, segundo denúncia da Federação Única dos Petroleiros ao Ministério Público Federal, nos estertores do governo Bolsonaro.
Se a pechincha tem a ver com as milionárias joias presenteadas ao casal Bolsonaro está sob investigação.
O que se sabe é da necessidade urgente de os clubes brasileiros terem sua entidade sem divisão, para abrigar também a Série B.
Sim, rara leitora e raro leitor, o tema já deu flor, de tão velho causa bolor e o temor de mais uma vez morrer na praia.
Porque a cartolagem, com as exceções de praxe, continua a recitar a máxima do cada um por si e o diabo por todos.
O diabo que é sábio porque é velho se esbalda e pisca os olhos para os clubes europeus, da inglesa Premier League, da espanhola La Liga, da francesa Ligue 1, da alemã Bundesliga, da italiana LNPA etc. Todos compradores das commodities também conhecidas como jovens jogadores do futebol brasileiro.
E desculpe aí por voltar à novela pela milésima vez.
O carioquinha
Durante muitos anos o Campeonato Carioca era o mais charmoso do Brasil, lugar que perdeu há bastante tempo para o Paulista, menos pelo charme, mais pela relevância mesmo, além da premiação, organização e competitividade.
Não é que neste 2023, por causa da crise no Flamengo, as finais no Rio parecem mais atraentes que em São Paulo?
O que, pelo menos em parte, se deve ao português Vítor Pereira e à sua sogra.
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