Painel da FAB mostra que 138 pessoas morreram em 2024, mas número vai aumentar com atualizações do final de dezembro
O Brasil terminará 2024 com uma estatística trágica para o setor aéreo nacional. O país registrou um recorde no número de mortos por acidentes aéreos nos últimos 11 anos: foram 138 vítimas. O número é quase o dobro do reportado em 2023 e próximo do triplo de 2022. Os dados são do painel do Sipaer (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e foram acessados na 5ª feira (26.dez.2024).
O painel administrado pela FAB (Força Aérea Brasileira) conta com dados desde 2014. É atualizado diariamente, mas ainda não registrou ao menos 2 acidentes ocorridos em dezembro deste ano. O motivo: as informações só são contabilizadas depois de o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) concluir os relatórios dos acidentes.
Eis os acidentes de dezembro:
- 20.dez.2024 – queda de um avião de pequeno porte em Manicoré (AM) deixou 2 mortos;
- 22.dez.2024 – 10 pessoas morreram após um avião modelo PA-42-1000 cair em Gramado (RS).
Com os acidentes ocorridos em dezembro, o número de mortes vai a 150.
O resultado foi puxado principalmente pelo acidente com o avião da Voepass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, em agosto deste ano. Todas as 62 pessoas a bordo morreram. Foi o maior acidente aéreo na história da aviação brasileira desde o voo 3054 da TAM em 2007, que vitimou 199 pessoas (187 a bordo e 12 em solo).
O painel do Sipaer mostra que:
- o Brasil registrou ao menos 404 acidentes aéreos desde 2014, com 846 mortes;
- a principal causa de acidentes com mortes é o chamado LOC-I, sigla em inglês para “perda de controle em voo”;
- a maioria dos acidentes se dá com aviões de pequeno porte e poucos passageiros;
- São Paulo é o Estado com mais acidentes no período (320), seguido de Mato Grosso (192) e Rio Grande do Sul (164).
O ACIDENTE DA VOEPASS
A queda do avião ATR 72-500 da Voepass (antiga Passaredo) em 9 de agosto é considerado o acidente mais grave na aviação comercial brasileira desde 2007. Foram 62 vítimas, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes. A aeronave se dirigia de Cascavel (PR) a Guarulhos (SP), mas caiu em Vinhedo, interior de São Paulo, em um condomínio de casas.
Quase 1 mês depois da queda do avião, o Cenipa apresentou a principal hipótese do que pode ter causado do acidente. O órgão identificou que a manutenção do avião estava em dia, mas a investigação ainda não é conclusiva em relação ao funcionamento do sistema de degelo. Leia a íntegra do relatório (PDF – 3 MB). A teoria é de que o acúmulo de gelo nas asas pode ter sido o principal fator da queda.
O gelo nas asas aumenta o atrito do avião com o ar e altera a direção e velocidade com que o ar passa –o pode resultar em perda de sustentação. A resposta precisa ser rápida. Em casos extremos, há perda do controle do avião e os pilotos têm poucos segundos para conseguir reverter a situação.