Documento tem o endosso de 76 países e pede a retirada das tropas russas do território ucraniano
O governo brasileiro não assinou a declaração da Cúpula da Democracia, que condena a Rússia pela guerra na Ucrânia. O documento tem o endosso de 76 países e pede a retirada “imediata, completa e incondicional” das tropas russas do território ucraniano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não participou do evento virtual que iniciou na última 4ª feira (29.mar.2023). O motivo da sua ausência foi sua viagem à China, que seria realizada de 26 a 31 de março, sendo adiada depois que o chefe do Executivo foi diagnosticado com pneumonia.
O evento reúne mais de 100 países, como Austrália, Japão e Coreia do Sul, para debate sobre o combate ao autoritarismo e a corrupção e o respeito aos direitos humanos. A cúpula faz parte dos esforços para isolar a Rússia e a China e recuperar a liderança dos EUA na política internacional.
Na declaração final, os signatários do documento lamentam a invasão à Ucrânia e pedem a resolução do conflito, além da investigação e responsabilização sobre os crimes cometidos em território ucraniano.
“Pedimos às partes no conflito armado que cumpram suas obrigações sob o direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário”, diz trecho do documento.
“Apoiamos fortemente a responsabilização pelos crimes mais graves sob o direito internacional cometidos no território da Ucrânia por meio de investigações e processos apropriados, justos e independentes ao nível nacional ou internacional, e para garantir justiça para todas as vítimas e a prevenção de crimes futuros”.
Lula tem tentado se colocar no cenário internacional como um possível interlocutor para conversas entre os 2 países. A invasão do território ucraniano pelos russos completou 1 ano no final de fevereiro.
O presidente brasileiro reiterou a disposição de participar de qualquer esforço para reunir um grupo de nações capazes de conversar com ambos os lados do conflito para promover a paz.
No início do mês, Lula conversou por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Na época, o Planalto divulgou um comunicado informando que Zelensky convidou Lula para uma visita a Kiev, capital da Ucrânia, e que o brasileiro manifestou disposição em atender ao convite, mas disse que um acordo de paz com a Rússia facilitaria os encontros.
O chefe do Executivo condenou a invasão russa no fim de janeiro, em entrevista a jornalistas depois de encontrar o chanceler alemão, Olaf Scholz.
Lula se negou a fornecer munição à Ucrânia. “O Brasil não quer ter qualquer participação no conflito, mesmo indireta”, disse à época.
O petista busca manter condições de conversar com os 2 lados e não comprometer relações diplomáticas e comerciais do Brasil com países como a própria Rússia, China e os Estados Unidos.
Em maio de 2022, ainda na pré-campanha eleitoral, o petista teve desgaste político devido a uma declaração sobre o conflito. Disse que Putin e Zelensky tinham a mesma responsabilidade sobre a guerra.