Governo reagiu a comentários do CEO da rede francesa e afirma que se manterá “vigilante” aos boicotes da empresa às proteínas do Mercosul
Em conjunto com o Ministério da Agricultura e Pecuária, o Itamaraty divulgou uma nota nesta 3ª feira (26.nov.2024) em que afirma que o governo se manterá “vigilante” na defesa da imagem do país depois que o CEO mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, declarou que a marca deixaria de comprar proteínas animais produzidas no Mercosul.
“O Brasil ressalta a importância da parceria estratégica, dos fluxos de comércio e dos laços históricos que mantém com o continente europeu de maneira geral e com a França em particular. Não obstante, voltará a reagir com firmeza contra qualquer nova campanha que tenha como alvo a imagem de produtos brasileiros, em especial do agronegócio, cujos padrões de excelência ao longo de toda a cadeia produtiva são reconhecidos em todo o mundo”, diz o governo brasileiro.
Na manhã desta 3ª feira, Alexandre Bompard escreveu uma carta com uma retratação formal pelas críticas feitas à carne brasileira. O documento foi entregue pelo embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eis a íntegra do texto (PDF – 70 kB).
O boicote da rede do Carrefour foi comunicado depois de pressão de agricultores franceses contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. O pacto criaria um fluxo de comércio de até R$ 274 milhões em produtos manufaturados agrícolas, além de um mercado comum de 780 milhões de pessoas.
“A condição de protagonista no mercado global de alimentos, conquistada com produtos competitivos, sustentáveis e, sobretudo, de alta qualidade e rigor sanitário, é resultado do trabalho de várias gerações de brasileiras e brasileiros”, afirma o Itamaraty e o MAPA.
Segundo o governo, o rigor sanitário da produção de proteína animal do Mercosul atende mais de 160 países, incluindo a União Europeia.
Na nota, o MRE diz esperar que as empresas que anunciaram os boicotes a produtos brasileiros revertam as decisões “infundadas” e que todos os atores que contribuíram à “campanha de desinformação” tenham consciência das consequências do impacto negativo que podem ter com o Brasil.