Em 2023, o Brasil diagnosticou 96% das pessoas estimadas de serem infectadas por HIV, o vírus causador da Aids, e que não sabiam da condição sorológica.
Calculado a partir da estimativa de pessoas que vivem com o vírus, a porcentagem é proveniente do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e a Aids (Unaids).
Com o resultado, o país bate mais uma das metas globais definidas pela Organização das Nações Unidas (ONU): a de ter ao menos 95% das pessoas com HIV já diagnosticadas.
A ONU estabeleceu outras duas metas relacionadas à doença: ter 95% das pessoas diagnosticadas em tratamento antirretroviral, com o uso de medicamentos para combater o vírus; e ter 95% das pessoas que estão passando pelo tratamento em supressão viral, ou seja, quando o HIV fica indetectável e passa a ter nenhum risco de transmissão.
Com 96% das pessoas diagnosticadas, o país também tem 82% em tratamento e 95% pessoas com o vírus intransmissível. A última teve o seu cumprimento anunciado pelo Ministério da Saúde ainda em 2023.
O anúncio de que o Brasil alcançou o diagnóstico de 96% das pessoas estimadas com o vírus foi feito pela pasta nesta quinta-feira (28), em reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT).O ministério atribui o aumento de diagnósticos à expansão da oferta da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).
A prática consiste na utilização diária de uma combinação de dois medicamentos antirretrovirais e reduz em mais de 90% as chances de uma pessoa se infectar quando exposta ao vírus. Para fazer o uso do tratamento, é preciso fazer o teste antes.
“Com isso, mais pessoas com infecção pelo HIV foram detectadas e incluídas imediatamente em terapia antirretroviral. O desafio agora é revincular as pessoas que interromperam o tratamento ou foram abandonadas, muitas delas no último governo, bem como disponibilizar o tratamento para todas as pessoas recém diagnosticadas para que tenham melhor qualidade de vida”, declarou a pasta.
Campanha de conscientização
Nesta quinta (28), o ministério também vai lançar uma campanha de conscientização sobre a doença, com o slogan “HIV. É sobre viver, conviver e respeitar. Teste e trate. Previna-se”.
Para a campanha, o governo vai veicular vídeos publicitários elucidando dúvidas sobre o vírus, com explicações principalmente sobre a sua transmissão.
Metas para 2027
Na reunião com a Comissão Intergestores Tripartite, o Ministério da Saúde também apresentou novas metas, firmadas em conjunto com gestores estaduais e nacionais, movimentos sociais e organizações da sociedade civil.
A estimativa é que as chamadas “Diretrizes para a eliminação da Aids e a transmissão do HIV como problemas de saúde no Brasil”, como a redução da mortalidade em 50% e ampliar em 142% o número de usuários de PrEP, sejam alcançadas até 2027.
Confira abaixo algumas das outras diretrizes estabelecidas:
- Reduzir a proporção de pessoas com diagnóstico tardio na rede pública para 40%;
- Testar para HIV 95% das pessoas diagnosticadas com tuberculose;
- Ter 95% das gestantes realizando um teste de diagnóstico para HIV durante o pré-natal.
O plano serve de base para que o país elimine a doença e a transmissão do vírus como problemas de saúde pública até 2030, uma das metas do programa Brasil Saudável, que busca diminuir 14 doenças e infecções que atingem, principalmente, as parcelas mais vulneráveis da população.
Veja abaixo algumas das estratégias elencadas pelo governo federal para atuar no combate à Aids:
- Potencialização da sustentabilidade financeira e técnica do Sistema Único de Saúde (SUS);
- Incentivo ao desenvolvimento de pesquisas;
- Ampliação das políticas de redução de discriminação;
- Articulação com organizações da sociedade civil;
- Aprimoramento da comunicação em saúde sobre o cuidado contínuo.