Com o início de 2025, o Brasil assumiu a presidência rotativa do Brics nesta quarta-feira (1) e deve exercer o posto até o final deste ano. O país agora se prepara para sediar a cúpula de chefes de Estado dos países do bloco, prevista para julho no Rio de Janeiro.
O bloco, originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, está em processo de expansão e vem recebendo novos membros e parceiros desde o ano passado. Em 2025, ao menos nove países devem se tornar parte do Brics, entre eles Cuba, Bolívia, Indonésia, Bielorrússia, Cazaquistão, Malásia e Tailândia.
Além disso, outros treze países foram convidados para participar. Espera-se ainda que Nigéria, Turquia, Argélia e Vietnã confirmem a participação. A inclusão de novos membros foi definida em outubro de 2024, na 16ª cúpula do Brics, em Kazan, na Rússia, quando foi criada a nova categoria de parceiros do bloco.
Com o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, o governo brasileiro tem, entre os desafios colocados para esta nova cúpula, o de articular a participação dos novos membros e dar continuidade à construção do sistema de pagamento com moedas locais no comércio entre os países, substituindo o dólar.
Além disso, o Brasil também espera pautar o tema ambiental e o combate às mudanças climáticas em diálogo com a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática) que também acontecerá no país, na capital paraense, Belém, em novembro.
Ameaças de Trump
O Brics começa o ano lidando com ameaças feitas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que prometeu sancionar países que deixem de utilizar o dólar em transações comerciais.
A substituição da moeda estadunidense em negociações bilaterais é uma das principais pautas em discussão entre os países do Brics. Alguns deles – como Rússia, China, Irã e Brasil – já experimentaram modelos de comércio com suas próprias moedas.
O debate, agora, se dá em torno da construção de mecanismos internacionais que facilitem essas negociações o que, segundo analistas, daria mais autonomia e liberdade aos países que não emitem o dólar de negociarem entre si.
Ao Brasil de Fato, o historiador e intelectual marxista indiano Vijay Prashad comentou a ameaça de Trump em relação à desdolarização e disse que “o mundo deveria levar menos a sério” as declarações do bilionário.
“A esta altura, 70% dos países em desenvolvimento no mundo sofrem sanções estadunidenses. O que eles vão fazer? Sancionar 100% deles? Isso isolaria os EUA. Então, acho que devemos encarar algumas dessas ameaças do Sr. Trump com menos seriedade”, disse Prashad.
*Com Telesur e Agêncial Brasil
Edição: Nathallia Fonseca