Braga Netto é o primeiro general de quatro estrelas preso no Brasil


Walter Braga Netto se tornou o primeiro general de quatro estrelas do Exército a ser preso no Brasil.

Detido neste sábado (14) pela Polícia Federal, ele é acusado de integrar a articulação de um plano de golpe de Estado após o resultado das eleições presidenciais de 2022.

O posto de general de quatro estrelas é o mais alto da carreira militar no Brasil. Na hierarquia das Forças Armadas, os generais são classificados por estrelas, que simbolizam o nível de responsabilidade e autoridade de cada oficial.

O general de quatro estrelas ocupa o grau máximo dessa estrutura, sendo responsável por decisões estratégicas e pelo comando de grandes operações ou unidades militares em âmbito nacional.

Veja a divisão:

  • General de Brigada: duas estrelas
  • General de Divisão: três estrelas
  • General de Exército: quatro estrelas

Braga Netto, atualmente na reserva do Exército, foi ministro da Casa Civil e da Defesa no governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele também foi candidato a vice-presidente na chapa que tentava a reeleição em 2022.

Braga Netto no Exército

Com uma trajetória militar iniciada em 1974, aos 17 anos, ele acumulou cargos de relevância nas Forças Armadas e no governo federal.

Durante sua carreira militar, foi chefe do Grupo de Observadores Militares das Nações Unidas no Timor Leste e adido do Exército na Polônia, no Canadá e nos Estados Unidos.

O general também recebeu os títulos de Mestre em Operações Militares da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, em 1988, e de Doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares do Curso de Altos Estudos da Escola de Comando do Estado-Maior do Exército, em 1994.

Braga Netto foi comandante Militar do Leste e nomeado interventor da Segurança Pública do Rio de Janeiro durante o governo Michel Temer (MDB) entre 2018 e 2019.

Golpe de estado

De acordo com a PF, há indícios que colocam o general como um coordenador da tentativa de golpe desde o início das investigações.

As primeiras apurações apontavam para o envolvimento do militar na articulação política para tentativa de golpe, inclusive, com planos e confecções de documentos. Segundo a PF, Braga Netto teria feito um “manuscrito”, apreendido na mesa de um dos assessores do general, na sede do PL que afirmava: “Lula não sobe a rampa”.

A PF ainda diz que Braga Netto coordenou militares golpistas, incentivou ataques por meio das milícias digitais e com as últimas revelações, também foi apontado como financiador ao ter entregado uma sacola com dinheiro a um “kid preto”.

Além disso, o general é suspeito de tentar obter dados da delegação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

A Procuradoria-Geral da República (PGR), afirmou, em uma manifestação, que a prisão preventiva do general evita interferências na investigação.

Em depoimento no dia 5 de fevereiro de 2024, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, confirmou que Braga Netto e “outros intermediários” procuraram seu pai por telefone para saber informações sobre a colaboração premiada firmada pelo ex-ajudante de ordens.

Após ser preso, o general vai ficar sob custódia do Exército. Ele está no Comando da 1ª Divisão de Exército, que integra o Comando Militar do Leste (CML).

Braga Netto foi comandante Militar do Leste entre 2016 e 2019. Portanto, o ex-ministro ficará detido na sede militar em que já comandou, na cidade do Rio de Janeiro.

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