Candidato derrotado na eleição para a Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) afirmou nesta segunda-feira (28) que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) cometeu crime eleitoral ao dizer, sem apresentar provas, que o PCC orientou voto nele na disputa contra Ricardo Nunes (MDB).
Boulos escreveu em redes sociais que, mesmo com as derrotas que sofreu, a esquerda não deve recuar.
“Enfrentamos uma campanha muito dura, com ataques e mentiras sem precedentes, com direito a laudo falso às vésperas do primeiro turno e crime eleitoral do governador no dia do segundo turno”, afirmou o deputado federal, em alusão ao documento falso divulgado por Pablo Marçal (PRTB) e à fala de Tarcísio.
A declaração do governador, feita ao lado de Nunes enquanto a votação ainda estava em curso, teve gravidade suficiente para condená-lo por abuso de poder político e torná-lo inelegível por oito anos, segundo especialistas em direito eleitoral ouvidos pela Folha.
Ainda no domingo a campanha de Boulos protocolou duas medidas na Justiça Eleitoral contra o governador e o prefeito. Uma das ações, se resultar em condenação, pode levar à inelegibilidade de Tarcísio, de Nunes e do vice, Mello Araújo (PL), por oito anos, além da cassação do diploma da chapa do prefeito.
Ao agradecer pelos mais de 2,3 milhões de votos, Boulos disse que “muita gente depositou esperança nas urnas” e se orgulha de “ter liderado essa batalha”. Ele retomou o tom do discurso feito após a apuração a militantes, no qual afirmou que sua campanha recuperou a “dignidade da esquerda”.
“Terminamos esse processo de cabeça erguida e com dignidade. Eleição se perde ou se ganha, mas nossos valores são inegociáveis”, escreveu na publicação.
“Fomos derrotados nas urnas, não só em São Paulo. Há aqueles que tirarão disso a conclusão de que a esquerda tem que recuar mais e ceder em nossas visões de mundo. Eu não. Aliás, não foi assim que o bolsonarismo ganhou parte importante da sociedade”, prosseguiu ele, que explorou a aliança entre Nunes e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tentar derrotar o adversário.
O deputado afirmou ainda acreditar que o caminho para derrotar a extrema direita no país é “disputar valores na base da sociedade e conversar olho no olho”, apontando para uma colheita de resultados da campanha ao longo dos próximos anos.
Ele concorreu com o apoio do presidente Lula (PT), que deve tentar a reeleição em 2026 e recebeu da disputa municipal um recado de que a esquerda está emparedada.
Boulos encerrou a mensagem dizendo aos simpatizantes para contarem com ele “na vitória ou na derrota” para a missão de construir uma sociedade mais justa e humana. Por fim, recomendou persistência: “Vamos levantar a cabeça e seguir em frente!”.